Esporte

IZAQUIAS e ERLON levam a prata na canoagem e ouro fica com alemães

Izaquias é o único atleta do Brasil a conseguir 3 medalhas numa única Olimpíada (Com informações do Globo.com)
Da Redação , Salvador | 20/08/2016 às 11:14
Dupla ´perde ouro nos 250 metros finais
Foto: Reuters
  Ao que tudo indica faltou mais técnica e a dupla brasileira Izaquias Queiroz e Erlon de Souza da canoagem ficou com a prata. A prova liderou a prova at[e os 750m. A partir dali, prevaleceu a fortíssima parceria da dupla alemã formada pelo experiente Sebastian Brendel, que também venceu Isaquias no C1 1000m na terça, e o jovem promissor Jan Vandrey. No fim, os fãs gritaram "É campeão!" para os brasileiros, que retribuíram com cumprimentos e muita festa. A Ucrânia, de Ianchuck e Mishchuk, ficou em terceiro (confira os tempos no fim da reportagem).

Isaquias acreditava no ouro, mas não faltam motivos para comemoração. Saiu com a prata no C1 1000m, o bronze no C1 200m e, com a prata deste sábado, eternizou de vez seu nome na história olímpica do Brasil. Na verdade, já o tinha feito quando ficou em segundo lugar na prova de estreia e virou o primeiro canoísta brasileiro a conquistar medalha na Olimpíada. Agora, tornou-se o único esportista do país a conseguir subir ao pódio três vezes em uma edição dos Jogos Olímpicos. E ainda gravou seu nome na história olímpica como um todo: é o primeiro a levar três medalhas olímpicas na canoa.

A parceria vitoriosa da canoagem velocidade saiu do Rio de Contas para o Rio de Janeiro.  Agora, foi do Rio de Janeiro para o mundo. Isaquias, filho de Ubaitaba, e Erlon, rebento de Ubatã, deram suas primeiras remadas nesse rio prateado, berço da canoagem do Brasil, que corta mais 11 cidades no estado da Bahia e produz canoístas a cada novo nascimento, já que a embarcação é o principal meio de transporte do local. Eles cresceram, deram duro, superaram, cada um, suas próprias dificuldades. 

Tudo sob a batuta de Jesús Morlán, que já tinha levado o espanhol David Cal a cinco medalhas olímpicas e, em 2013, resolveu acreditar no projeto da canoagem brasileira.

O estrangeiro teve visão: tirou os meninos da represa de Guarapiranga, foi para a raia olímpica da USP, em São Paulo, mas viu que não daria certo dividir a lagoa com amadores. Os atletas precisavam de foco total. Após muita pesquisa, o comandante fez uma mudança drástica: levou a seleção brasileira para a pacata Lagoa Santa, em Minas Gerais. Adotou um sistema de treinamento de oito semanas de trabalho e apenas uma de folga. Deixou sua família na Colômbia e passou a morar e dividir tudo, até tarefas domésticas, com Isaquias, Erlon e os outros canoístas que fazem parte do time, Ronílson e Nivalter.

Ao longo do tempo, a equipe teve inúmeras conquistas. Dentre elas, vale destacar os dois ouros de Isaquias na prova do C1 500m nos mundiais de Duisburg 2013 (levou também bronze no C1 1000m) e Moscou 2014 (ainda ficou em terceiro no C2 200m, com Erlon), e o ouro mais recente, em Milão 2015, no C2 1000m, com o parceiro habitual (ganhou também o bronze no C1 200m). Agora, adiciona à sua coleção a prata de Erlon e Isaquias, e a outra prata e o bronze do baiano de 22 anos. Que as águas passem, mudem, se renovem... Mas a canoagem nunca vai se esquecer do que viu nas águas da Lagoa Rodrigo de Freitas na Olimpíada do Rio nesta semana.