Esporte

BÉLGICA vira jogo contra Argélia 2x1 e espanta a zebra no Mineirão

Jogo só esquentou no final
Globo , BH | 17/06/2014 às 15:21
Mertens vibra muito com o gol da virada marcado na metade final do segundo tempo
Foto: Reuters
A zebra ameaçou sair do deserto e passear pelo Mineirão. A favorita Bélgica, sensação nas eliminatórias, com nomes pomposos e uma geração considerada a melhor da história de seu país, mostrou que a experiência de estrear quase um time inteiro em Copa do Mundo, ainda mais com a banca de grande aposta de muita gente e a euforia belga, não é um peso simples de suportar. Durante boa parte da partida, eles correram atrás dos guerreiros do deserto, que saíram na frente, marcaram duro, mas sofreram a virada no fim. 

No jogo inaugural do grupo H da Copa, a minoria belga festejou por último e conseguiu – com muito custo – calar os argelinos. Os gols de Fellaini e Mertens, dois reservas, mantiveram a esperança belga de pé. Feghouli, de pênalti, fez o gol dos argelinos, mas também perdeu a bola que gerou o gol da virada.

Com um elenco recheado de destaques em grandes times da Europa, como o paredão do Atlético de Madri, Courtois, o zagueiro Kompany, do Manchester City, e o meia-atacante Hazard, do Chelsea, a Argélia enfrentava um pulmão verde na arquibancada. Mas também havia valores na equipe do técnico bósnio Vahid Halilhodzic. O camisa 10 Feghouli e o meia-esquerda Mahrez deram trabalho para a defesa e o meio de campo belga.

Personalidade contra nervosismo

No ritmo de “one, two, three, viva, Algerie!”, os guerreiros do deserto fizeram jus às palavras do seu treinador Vahid Halilhodzic. Antes da partida, o técnico se mostrou quase ofendido com as perguntas sobre o favoritismo belga e até sobre uma derrota por dois gols de diferença. E avisou: teria uma surpresa para cada tempo e tentaria neutralizar a Bélgica de Wilmots.

No primeiro tempo, a novidade foi que a Argélia não esperou a Bélgica em seu campo. Pelo contrário. Na esquerda, de onde saíram as principais jogadas dos africanos, o atacante Mahrez e o lateral Ghoulam levaram vantagem sobre De Bruyne e Alderweireld. Foi daquele lado, com cruzamento de Ghoulam que os belgas foram surpreendidos. Aos 25 minutos, após a Bélgica até conseguir desequilibrar a partida e tomar conta do jogo, Feghouli recebeu um cruzamento na área e foi agarrado acintosamente por Vertonghen. Pênalti, categoria de Feghouli, 1 a 0 para a Argélia e muita festa na arquibancada do Mineirão – que recebia mais argelinos, quase todos concentrados no mesmo local do estádio.

A Bélgica bem que tentou ir para cima. Mas simplesmente não encontrou espaços. Firmes, Halliche e o capitão Bouguerra tomavam conta de Lukaku, que ficava isolado na frente e mal conseguia dominar a bola. Hazard, quase sempre contra dois argelinos, só conseguiu levar vantagem no fim da primeira etapa. Ele encontrou Chadli no meio da área, mas o jogador do Tottenham chutou fraco, no meio do gol. Outra boa chance acabou saindo da maneira que a Bélgica arriscou a maioria dos seus oito chutes do primeiro tempo: em batidas de fora da área. Witsel chutou forte, mas sem grande perigo para o goleiro M'Bolhi.

Logo no início da segunda etapa, Hazard conseguiu boa arrancada pela ponta direita. Com muita movimentação – e marcação cerrada -, ele era o único que tentava algo diferente. Lukaku foi praticamente nulo em toda a partida. Aos 12 minutos, ele deixou o campo para a entrada de Origi. Chadli, também fraco, saiu para entrar Mertens. Os belgas tentavam se animar e empurrar o time nas arquibancadas, mas os argelinos, dentro e fora do campo, não deixavam que eles se animassem muito.

Feghouli pedalava e prendia bem a bola. E logo voltava direto para marcar. O criticado sistema defensivo de Vahid se sobressaía e ainda permitia que a Argélia administrasse a partida, com toque de bola no meio de campo. Os belgas pareciam perdidos. E a torcida argelina começou a gritar “olé” e gritar “Viva, Argélia” a todo momento.

Virada com força do banco

A pressão belga começou a fazer mais efeito na metade final da partida. Primeiro, Origi perdeu um gol incrível, em grande defesa de M'Bolhi. Hazard pegava cada vez mais bolas frente aos marcados argelinos. Mas o caminho do empate foi mesmo por cima. O meia De Bruyne cruzou a bola na área, Fellaini, que entrou no lugar de Dembélé, desviou de cabeça, a bola bateu na trave e entrou: era o empate e o alívio dos belgas.

A festa mudaria de lado e inspiraria até mesmo uma improvisada e desajeitada “Aquarela do Brasil” cantada pelos belgas quando a Argélia foi traída pela arma com a qual buscava seu segundo gol. Feghouli reclamou de falta, mas perdeu a bola e no contragolpe a bola chegou aos pés de Hazard. Com a calma que faltou aos belgas no início do jogo, ele esperou Mertens passar e o atacante do Napoli afundou M´Bolhi virando a partida. Atônitos, os argelinos quase levaram outro gol, novamente na bola aérea, em cabeçada de Witsel. A zebra – e a torcida argelina - finalmente estava controlada. E a Bélgica evitava a decepção de uma geração jovem e que mostra futebol para subir de degrau na elite do futebol mundial.