Esporte

BAIANA ELÉTRICA GARANTE BRONZE PARA BOXE BRASIL APÓS 44 ANOS DE JEJUM

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| 06/08/2012 às 11:26
Adriana Araújo bateu a marroquinha Mahjouba Oubtil
Foto: Reuters

Elas tiveram de esperar 108 anos para trocar golpes em solo olímpico. Em um esporte que, ao longo do século 20, rendeu ouros para lendas como Muhammad Ali, George Foreman e Oscar de la Hoya, as mulheres só agora receberam o convite para a festa. E o Brasil teve pressa para levar uma lembrancinha reluzente de volta para casa.

A baiana Adriana Araújo, de 30 anos, bateu nesta segunda-feira a marroquina Mahjouba Oubtil, avançou para as semifinais do boxe (categoria até 60kg) e garantiu uma medalha histórica para o país. Na próxima fase, na quarta-feira, a pentacampeã pan-americana enfrenta a vencedora da luta entre a russa Sofya Ochigava e a neozelandesa Alexis Pritchard. Como as duas perdedoras das semis garantem o bronze, Adriana já tem seu momento de glória assegurado.

Além da conquista na primeira participação do boxe feminino nos Jogos, a boxeadora paulista quebra um jejum verde-amarelo de 44 anos. A última medalha do país no boxe olímpico tinha sido em 1968, com Servílio de Oliveira na Cidade do México.

- Estou bastante feliz com essa medalha. A medalha está garantida, agora é buscar o ouro - disse Adriana Araújo ao SporTV.


Nesta segunda-feira, a brasileira pegou uma arena ainda elétrica. Duas lutas antes, a irlandesa Katie Taylor, uma das favoritas ao ouro, fez tremer arquibancadas com um mar de bandeiras em verde, branco e laranja. Ela bateu a britânica Natasha Jonas por 26 a 15 e avançou às semis, para delírio da torcida.


Adriana já havia encontrado a marroquina uma vez, no Torneio Internacional de Astana, no ano passado, e vencido por 15 a 5. Confiante de que poderia repetir o resultado, a baiana começou partindo para cima. Mostrando guarda mais fechada do que na estreia, Adriana se protegeu bem e atacou mais no contragolpe. Nas trocas francas, a brasileira sempre deixava pelo menos um direto ou um gancho. Ao final do round, 4 a 2 para Adriana.


Em desvantagem, Oubtil começou mais agressiva no segundo round e logo acertou um direto de direita. Na segunda metade do round, a brasileira voltou a comandar o ritmo e acertou diretos e ganchos novamente. Os árbitros pontuaram 3 a 2 para Adriana no round, ampliando sua vantagem no total para 7 a 4.


Sentindo o bom momento, Adriana seguiu avançando contra Oubtil no início do terceiro assalto. Ela prensou a marroquina contra as cordas e a adversária apelou para os clinches para segurar seu ímpeto. A baiana, todavia, ficou passiva na segunda metade, Oubtil cresceu e terminou vencendo por 4 a 3, reduzindo a diferença para 10 a 8.


Para evitar a virada, Adriana voltou a ser mais agressiva no último round e começou acertando dois bons ganchos de esquerda. Oubtil, porém, novamente atacou com vontade e a brasileira pareceu cansar, abusando da esquiva. Adriana passou a andar muito para trás para escapar do boxe da adversária. Ela ainda acertou dois golpes no final para tentar garantir a vitória e, no soar do gongo, levantou os braços em comemoração. O anúncio veio em seguida: 6 a 4 para a brasileira no último round, 16 a 12 no geral.