VEJA
Dinamites sepultaram uma história de 50 anos do futebol da Bahia
Foto: Ronaldo Silva
A imagem mais forte e marcante deste ano no âmbito baiano do pebolismo foi a demolição da Fonte Nova. Não só pelo espetáculo de imagens e transmissão ao vivo pela tevê, nos conformes da modernidade das comunicações. Mas, sobretudo, pelo significado de mudança, de passagem que a implosão da ‘vlha Fonte' representou. Um marco definitivo do fim de uma era no nosso futebol, que começou no ano de 1951 com a inauguração da Fonte Nova ( o Estádio Octávio Mangabeira) e começou, de fato, a findar com a tragédia de 2007.
Tivemos a era do Campo da Pólvora, onde começamos a bater nossas peladas. Depois a era do Campo da Graça, onde o Ypiranga, o amarelo e preto era o ‘mais querido'; conheci e cheguei a jogar uns babas de camisa no campinho da Graça, já meio careca e decadente, na passagem dos anos 60/70 do século passado. Hoje, no local, só os espigões. A era Fonte Nova durou mais de meio século, a era da rivalidade BaVi, e o tricolor predominou até os anos 90 - O rubronegro assumiu a hegemonia do futebol baiano a partir do Barradão, essa é a realidade, a era Barradão existe sim, para o Vitória, é um marco.
Acho que Pituaçu é apenas um rito de passagem, não vai significar uma era.
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A nova Arena da Arena Fonte Nova vai começar de vera com a inauguração do novo estádio, que deve estar pronto para a Copa das Confederações, em 2013. Um salto. Arquibancadas com cadeirinhas numeradas e separadas, cobertura total, restaurantes, museu, espaços Vips... Vamos acompanhar de perto a exigida mudança de comportamento do torcedor baiano. Quero ver a galera ficar sentadinha, sem querer pular alambrado e sem mijar no chão. Espero também que nossos dirigentes evoluam com as mudanças e atentem para a globalização do futebol - esporte de massa e negócio.
Espero que dentro do gramado o jogo de bola melhore, seja digno do estádio que teremos, de primeira. Futebol bem jogado e craques em campo. Viveremos essa mudança.
Com a Arena Fonte Nova o futebol baiano entrará no século XXI ?
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A turma tricolor
A outra imagem marcante do nosso futebol, nesse ano que se finda, foi a torcida do Bahia em oração, nas arquibancadas de Pituaçu, acompanhando e levando, arrastando quase ‘na tora', o time para a primeira divisão. Destaques em campo para o lateral ‘prata da casa' Ávine, pela bravura com que superou todas as críticas em campo, e para o rápido e talentoso Adriano (que não ficou no clube, infelizmente).
Que em 2011 o time em campo não dê pra trás.
O Bahêa faz 80 anos (dia 1 de janeiro) e chegou a hora de arrancar, de entrar, enfim, na sintonia do novo século... de olho no mando de campo da Arena Fonte Nova. A diretoria tem de preparar o time e a torcida (educá-la, de uma certa maneira) para o novo palco tricolor.
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Sobe e desce rubronegro
2010 foi o ano em que a torcida do Vitória chegou na porta do céu - o time foi Vice, disputou o título nacional da Copa do Brasil jogando bola - e, no segundo semestre, despencou na ribanceira do purgatório, caindo pra segunda divisão. Lições do mundo da bola, quer sirvam de aprendizado. O Barradão viveu dias de glória, de choro e ranger de dentes. Ou sobe rápido, de volta à primeirona ou corre o risco de ir se acostumando com a mediocridade ... assim o rival Bahia passou sete anos, penando. Portanto ...
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A Copa do toque
Foi o ano da Copa do Mundo Africana, a copa da jabulani, a mais bela e traiçoeira das bolas, dos suntuosos estádios sul-africanos, a copa dos espanhóis com seu toque de bola irritante, preciso, devastador, arrebatador do título de campeão, indiscutível.
A Copa de Iniesta, de Xavi, Puyol ... e de uma certa Holanda de Robben e Sneijder que despachou o Brasil na manha.
A Copa do paletozão pesado de Dunga e sua zanga, sua birra, e também das presepadas e caretas do ótimo ator e péssimo treinador Maradona.
Copa dos fiascos do mascarado e individualista Cristiano Ronaldo, do apagadão Rooney, do machucadão Kaká, da pálida Inglaterra, da decadente Itália, da mal-humorada e indisciplinada França.
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O show do Barça
O melhor do futebol de 2010 foi jogado pelo Barcelona de Messi, Xavi, Iniesta, Puyol, Villa e do bom baiano Daniel Alves, cidadão de Salvador e maior lateral direito do planeta (cria do tricolor, lançado pelo mestre Evaristo de Macêdo). O futebol do catalão Barça é um colírio de troca de passes perfeitos, de primeira, de deslocamentos rápidos, de tramas surpreendentes e de goleadas, como nos velhos tempos, pura arte individual e coletiva.
Foi também o ano em que a Inter de Milão conquistou o título mundial, com disciplina tática e uma defesa quase inexpugnável - destaques para os brasileiros Julio Cesar, Maicon e Lúcio; e mais Sneijder e o camaronês Etoo, goleador.