Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, é longe, bem longe do Brasil. Mas os torcedores do Inter podem dizer, de peito cheio, que é logo ali. Afinal, na noite desta quarta-feira, o time gaúcho assegurou vaga no Mundial de Clubes de 2010. Mesmo com a derrota por 2 a 1 para o guerreiro (e aplaudido) São Paulo, no Morumbi, o Colorado, que venceu a primeira partida, no Beira-Rio, por 1 a 0, vai ao torneio porque na final da Libertadores vai encarar o mexicano Chivas.
Como pertence à Concacaf, o clube de Guadalajara não pode disputar a competição no lugar de um sul-americano. A primeira partida da final da Libertadores será na próxima quarta-feira, no México. Depois, no dia 18, o Inter recebe o rival no Beira-Rio.
Diferentemente da primeira partida, em Porto Alegre, nesta noite deu gosto de ver a semifinal da Libertadores. Os dois times atacaram, criaram chances e fizeram um espetáculo digno do tamanho de Tricolor e Colorado. Algo que por culpa do São Paulo não aconteceu no duelo do Beira-Rio. Lá, o time de Ricardo Gomes foi covarde, não se arriscou e saiu no lucro perdendo apenas por um gol.
E para quem gosta de coincidências, o jogo desta noite foi recheado delas. Todas ligadas ao empate por 2 a 2 entre as duas equipes na final da Libertadores de 2006, conquistada pelo Colorado. Primeiro, a falha de Renan, lembrando a de Rogério Ceni quatro anos atrás. Depois, a expulsão de Tinga no segundo tempo, assim como foi naquele ano.
Dessa vez o São Paulo atacou. Empurrado por sua torcida e pela necessidade de dois gols para sonhar com a final da Libertadores, os donos da casa não pouparam esforços para levar perigo ao Inter. Mas o time Colorado também atacou. E sempre com perigo. Afinal, o toque de bola é uma de suas principais armas.
Sem ligar para as sonoras vaias dos tricolores e para as quase 50 mil bandeirinhas balançando no estádio do Morumbi, o Inter exerceu uma forte marcação sobre o São Paulo. Mas os paulistas ignoraram. Como se estivessem jogando a vida, os atletas dividiam cada bola como se fosse a última. Bem diferente do jogo anterior.
Inovando com três atacantes, o Tricolor parecia muitas vezes afobado. Tanto que aos sete e aos dez cometeu falta de ataque em boas oportunidades. Primeiro com Dagoberto e depois com Fernandão. O Inter, por outro lado, optou por arriscar de longe, como em chute de Alecsandro que Rogério Ceni defendeu aos 14.
O jogo era lá e cá. Enquanto o São Paulo atacante com rapidez e raça, o Inter respondia com toque de bola e frieza. Até que Taison conseguiu aparecer livre perto da meia lua. O chute, porém, foi defendido por Ceni, aos 21. Mas o gol do Tricolor parecia mais perto. Aos 22, Hernanes mandou para área e Alex Silva perdeu.
A história não se repetiu aos 30. Hernanes cobrou falta para área, Renan falhou de maneira bisonha e Alex Silva marcou de cabeça: 1 a 0 São Paulo. O lance certamente fez os são-paulinos lembrarem a falha de Ceni na final da Libertadores de 2006, contra o próprio Inter, e sentirem um gostinho de "vingança".
Ricardo Oliveira comemora o gol marcado sobre o Inter (Foto: Gustavo Tilio / GLOBOESPORTE.COM)
Segundo tempo
Ao som de "frangueiro, frangueiro, frangueiro" para o goleiro Renan, o Inter voltou para a etapa final sem alterações. Assim como o São Paulo. Mas a resposta da torcida colorada à tricolor foi com grito de gol. Logo aos seis minutos, D'Alessandro cobrou falta, Alecsandro desviou e não deu chance para Rogério Ceni.
Mas quem pensou que o São Paulo sentiria o gol de empate estava enganado. Em dois minutos, o time do Morumbi manteve as esperanças de sua torcida. Após lançamento de Jean para área, Renan saiu de soco. Mas na sobra Cleber Santana dividiu e colocou Ricardo Oliveira na cara do gol. E ele foi matador.
Os jogadores do Inter reclamaram bastante de impedimento, mas o lance foi legal. Apesar da vitória parcial do Tricolor, o resultado era do Colorado que venceu por 1 a 0 no Beira-Rio. Para ir à final, os donos da casa precisavam de mais um gol. Só que os gaúchos têm um time incrível, extremamente competitivo.
A igualdade só não saiu porque os deuses do futebol ajudaram o São Paulo. Aos 18 minutos, após cruzamento de Sandro da direita, Tinga teve a chance de fazer o segundo, mas Jean salvou quase em cima da linha. O Tricolor voltou a assustar apenas aos 30, quando Marlos fez jogada individual e chutou. Renan defendeu.
O jogo estava difícil para o São Paulo. Mas o Inter ajudou. Na verdade, Tinga ajudou. Assim como em 2006, na segunda final entre as equipes, ele foi expulso. Ele cometeu falta por trás em Junior Cesar e, como já tinha o amarelo, levou o segundo e em seguida o vermelho. Com um a mais, Ricardo Gomes encheu o time de atacantes, Rogério Ceni foi para área... Mas não deu.
Ao menos a torcida reconheceu a vontade tricolor com aplausos. Mas o Morumbi foi mesmo dos colorados ao final do jogo.