O jogo de abertura da Copa do Mundo de 2010 acontece somente nesta sexta-feira, mas o espetáculo na África do Sul já começou. Em Johannesburgo, nesta quinta, o show de abertura do Mundial contou com nomes de peso do cenário musical - como Black Eyed Peas, Shakira e Juanes - para levantar a multidão presente ao Orlando Stadium, no bairro de Soweto, além de um emocionado discurso do arcebispo da cidade, Desmond Tutu.
O Brasil, pentacampeão do mundo e mais importante país musical da América do Sul ficou de fora, chupando dedo. Nem mesmo seus personagens internacionais mais famosos, Gilberto Gil e Carlinhos Brown, sequer tocaram tambor. A África do Sul se curvou a música norte-americana e a Shakira. A Bahia, então, considera a Pátria Musicial da Mama África, nada, zero.
Os primeiros artistas a se apresentar foram grupos tribais, seguidos pelo trompetista Hugh Masekela. Depois das primeiras melodias, foi a vez do presidente da Fifa, Joseph Blatter, subir ao palco acompanhado de Jacob Zuma, presidente da África do Sul. A dupla fez um rápido discurso, e logo o público foi ao delírio com imagens de partidas e jogadores exibidas no telão.
A banda americana Black Eyed Peas foi a primeira grande atração da noite. Liderados por will.i.am e pela bela Fergie, o grupo tocou sucesso atrás de sucesso: Where Is the Love, Pump It, Meet Me Halfway e Boom Boom Pow. Para encerrar, uma das cinco músicas mais tocadas da década e talvez o maior hit da banda: I Gotta Feeling.
Depois dos astros, coube à dupla malinense Amadou & Miriam dar sequência ao show.
ÁFRICA
Os artistas cegos cantaram Welcome to Mali e Afrika. Em seguida, o ex-zagueiro da seleção sul-africana Lucas Radebe fez um discurso e acabou vaiado.
A ativista política e cantora Angélique Kidjo, natural do Benin, foi a maior atração africana. Com um coral, a artista, que já venceu o Grammy em 2008, cantou Malaiko. Em seguida, dividiu o palco com o cantor americano John Legend, que encerrou sua participação com o sucesso Green Light.
Angélique voltou pouco depois para acompanhar Vusi Mahlasela, cantor folk que escreve suas letras inspirado no movimento antiapartheid. Logo foi a vez de Desmond Tutu, arcebispo de Johannesburgo, subir ao palco ovacionado pelo público e roubar a cena.
Prêmio Nobel da Paz em 1984 pela luta contra o regime do apartheid, Tutu divertiu a multidão com sua simpatia, suas roupas chamativas com as cores da seleção da África do Sul e suas dancinhas. Pedindo uma ovação ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, o arcebispo fez um discurso emocionado sobre a primeira Copa do Mundo no continente africano. "Queremos dizer ao mundo que esta lagarta feia que nós éramos tornou-se uma borboleta bonita, mas muito bonita", afirmou, em referência ao fim do apartheid.
Vieux Farka Touré, outro músico malinês, foi o próximo a cantar. Depois dele, o astro colombiano Juanes, que tem no currículo 17 prêmios do Grammy latino, começou sua apresentação com La Camisa Negra e emendou Yerbatero.
A banda Tinariwen, outro grupo de Mali, originário do Deserto do Saara, foi o ponto baixo do show e não animou muito a plateia. Depois, porém, foi a vez da cantora Alicia Keys ser anunciada pelo ex-volante francês Christian Karembeu, campeão mundial em 1998.
A americana voltou a acender a multidão com hits como You Don't Know My Name e Fallin', mas protagonizou um momento estranho ao cantar uma canção sobre a cidade de Nova York: Empire States of Mind, do rapper Jay-Z, em que ela faz participação especial. Depois, mandou um de seus principais sucessos, No One e chamou a banda sul-africana Black Jacks para uma música final.
O artista somaliano K'naan emocionou o público em seguida com um dos hits da Copa, Wavin' Flag, acompanhado por will.i.am, dos Black Eyed Peas. Depois de duas atrações locais, chegou a hora da apresentação mais aguardada da noite: a da colombiana Shakira.
Depois de um discurso do volante francês Patrick Vieira, que não foi conovocado para a Copa, a musa cantou seus sucessos She Wolf e Hips Don't Lie. A música que fechou a grande festa foi Waka Waka, a canção oficial do Mundial de 2010.
Encerradas as atrações, Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa, entrou ao lado de Danny Jordan, presidente do comitê organizador da Copa. Após um rápido discurso, Vieira voltou ao palco e exibiu a taça do Mundial à plateia. Por fim, todos os artistas que participaram da festa voltaram para o bis, animando o público pela última vez na noite.