Em Congresso dos fazendários, economista-Chefe da Fiesp critica juros altos e defende políticas de desenvolvimento industrial
MN , Salvador |
19/09/2024 às 11:48
O economista-Chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Igor Rocha
Foto: SINDSEFAZ
O economista-Chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Igor Rocha, foi o conferencista na abertura do 3º Congresso Estadual dos Fazendários, evento promovido pelo Sindsefaz (Sindicato dos Fazendários da Bahia), que acontece de 18 a 20 de setembro, no Hotel Deville. Ele falou sobre o tema “O Papel do Estado para o Desenvolvimento do País”. Durante sua palestra, apresentou uma realidade da economia brasileira.
Igor criticou os argumentos para o aumento da taxa de juros no Brasil. Coincidentemente, no momento em que sua conferência se iniciava no Congresso, nessa quarta (18), o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central anunciava a elevação da taxa Selic em 0,25%, chegando a 10,75% ao ano. Para ele, não temos uma inflação descontrolada que justifique a medida. “Se comparada com nossos vizinhos da América do Sul, nossa situação econômica é melhor e a taxa de juros nesses países é menor”, disse.
Para ele, é preciso olhar para nossa realidade concreta a fim de evitar a criação de falsos consensos, como este atual existente entre a maioria dos economistas, de que não podemos baixar os juros no Brasil. Segundo ele, a manutenção da Selic no patamar atual prejudica o desenvolvimento de políticas de crescimento industrial.
Segundo ele, o setor sofre ainda os efeitos de um processo grande de desindustrialização, que segundo muitos especialistas, foi o maior ocorrido no mundo. Mas, disse, há medidas em andamento que estão ajudando o setor, a partir de uma série de políticas governamentais, especialmente através de financiamentos do BNDES, como os inseridos no plano MAIS PRODUÇÃO, com R$ 250 bilhões disponibilizados.
O assessor da Fiesp defendeu que é preciso potencializar o crescimento industrial para ampliar a base de atuação de nossa economia, agregando mais valor e potencial ao país. “O crescimento da economia brasileira vem se dando em cima do mercado doméstico, que está aquecido, o que é bom, mas precisamos de um pouco mais, para não deixar o país dependente de um único fator”, disse ele.
Dados positivos
Rocha discorda das críticas negativas a nossa economia. Ele citou dados para justificar sua posição, como a taxa de desemprego, que está em 6,8%, voltando ao patamar de janeiro de 2014, quando era de 6,7%. “Mais importante é que estamos aumentando o número de empregos formais e promovendo crescimento da massa salarial”, valorizou.
O economista mostrou gráficos com dados da produção industrial, com destaque ao avanço dos bens de capital, com crescimento da produção de caminhões (cujo impacto econômico é direto) e da linha branca (fogões, geladeira, micro-ondas etc). Falou que houve um incentivo a mais vindo da liberação de R$ 131 bilhões em precatórios no final de 2023 e início de 2024, o que ajudará a elevar nosso PIB em no mínimo 3% este ano.
Evento prossegue
O 3º Congresso dos Fazendários prossegue nesta quinta (19) dois painéis pela manhã, um sobre a construção do sindicato do futuro e o segundo sobre Reforma Tributária. Na parte da tarde acontece outros dois painéis, sobre trabalho remoto e Lei Orgânica da Administração Tributária (LOAT). À noite ocorre um Sarau Literário, com o lançamento do livro “Zanetti: o Guardião do Óleo da Lamparina”, do professor e jornalista Emiliano José.