Economia

DESCLASSIFICADA NA DISPUTA POR CAMAÇARI, LECAR NÃO VAI DESISTIR DO BR

Flávio Figueiredo Assis, conhecido como Elon Musk brasileiro, lamenta a falta de apoio ao empreendedorismo nacional
Nathalia Bellintani , Salvador | 07/03/2024 às 19:09
Flávio Figueiredo Assis
Foto: Divulgação

A Lecar, montadora de carros elétricos nacional, protagonizou esta semana mais um triste episódio da falta de apoio ao empreendedorismo brasileiro. A empresa, que protocolou em 28 de fevereiro seu interesse em comprar a antiga fábrica da Ford, localizada em Camaçari, na Bahia, foi surpreendida com sua desclassificação apenas quatro dias depois.


Apesar da possibilidade de recursos jurídicos, a companhia decidiu não recorrer da decisão. “Nossos advogados alertaram sobre a morosidade desta ação e, como não podemos atrasar nossos planos de entregar carros elétricos feitos por brasileiros para brasileiros, desistimos de Camaçari para não atrasar o Brasil”, pontua o fundador da Lecar, Flávio Figueiredo Assis, que ficou conhecido como Elon Musk brasileiro por também ter vendido uma empresa do setor financeiro para criar sua própria montadora. 


A empresa, que está em fase de finalização do protótipo do LECAR Model 459, um coupé com 400km de autonomia e preço estimado em R$ 279 mil, está em busca de uma área para instalação de sua primeira fábrica na região de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, por ser um importante polo da indústria automobilística no Brasil. Em Camaçari, a companhia planejava instalar sua segunda fábrica, focada em uma versão popular, com valor de R$ 100 mil e 300km de autonomia. Agora, a Lecar busca um novo endereço.


A desclassificação prematura – sem a oportunidade de a empresa apresentar seu projeto de desenvolvimento para a Bahia – chama a atenção para a necessidade de mais incentivos às companhias nacionais. “Precisamos aprender com os erros do passado para que não tenhamos novas histórias onde as empresas estrangeiras são recebidas com tapete vermelho e as nacionais ficam à mercê da própria sorte”, lamenta o empresário.


Ainda assim, a Lecar afirma que não vai desistir do Brasil. “Precisamos de indústrias nacionais fortes e estratégicas. Temos uma proposta clara de desenvolvimento de fornecedores locais, geração de empregos e renda para o país. Acreditamos e buscamos o incentivo dos governos estaduais e federal para criarmos uma montadora brasileira que será respeitada em todo o mundo. Queremos ser motivo de orgulho”.


De acordo com os estudos da Lecar, é possível desenvolver não apenas uma montadora de carros, mas também uma fábrica de baterias elétricas no país. “O Brasil possui 93% dos minerais que compõe as células de baterias de lítio. Além de sermos autossuficientes, podemos nos tornar uma grande referência no mercado global de veículos elétricos”, destaca.


A empresa vem construindo uma rede de apoio no Brasil e no exterior a fim de viabilizar a construção de uma plataforma de desenvolvimento de tecnologia e inovação. “Sentimos ausência do apoio público, mas estamos buscando na iniciativa privada todos os recursos necessários para sermos protagonistas na mudança da matriz energética, estando no mesmo patamar das demais montadoras, que também estão aprendendo agora a fazer carros elétricos. Todos somos novos entrantes neste mercado. Com o tempo, iremos provar que somos a melhor opção não só para a Bahia, mas para o Brasil”, finaliza.