Agora, Portugal está sendo descoberto pelos estrangeiros por sua qualidade de vida
Tasso Franco , Lisboa |
14/01/2024 às 17:26
O mapa mundi quando Portugal conquistou o mundo no século XVI
Foto: BJÁ
Lisboa já teve o mundo aos seus pés. Na virada dos séculos XV para XVI - época do achamento Brasil - o Império portugues se etendia ao Novo Mundo das Américas ao Velho Mundo da Índia, China e África. No Monumento ao Descobrimento erguido na beira do Tejo nas proximidades do Cais do Restejo donde sairam as naus de Thomé de Souza para fundar a cidade do Salvador vê-se isso, nitidamente, num mapa (vide foto) que foi cartografado no chão onde se observa, as naus de Cabral chegando a Porto Seguro e outras na China e India, Madeira, Açores e África.
A pergunta que muita gente faz, hoje, é porque Portugal que era o senhor quase absoluto nas mares com a Escola de Sagres perdeu o bonde da história e é, na atualidade, o país mais pobre da comunidade europeia?
Em tese é até fácil de explicar o que ocorreu porque outras potenciais mundiais daquela época, a Espanha, a Inglaterra, a Itália, a França e a Holanda não ficaram olhando as naus portuguesas viajando e conquistando novos povos mundo à fora e também ingressaram nessa corrida.
E o vil metal, os financistas, estavam mais fora de Portugal do que se imagina, sobretudo na Itália, França e Holanda. E onde há dinheiro em profusão numa corrida qualquer as novas tecnologias predominam e Portugal foi ficando para trás. A França usou navegadores italianos para chegar as Terras Novas dos Estados Unidos e Canadá. Só lembrando, o primeiro cartógrafo de Salvador foi o italiano Américo Vespúcio, descobridor da América.
Quando do adevento da Revoluyção Industriual no século XVIII, na Inglaterra, Portugal ainda era poderoso mas com sinais de decadência e ao ser ocupado pela França, pelas tropas de Napoleão Bonaparte no inicio do século XIX, a Corte teve que ser socorrida pelos ingleses para se instalar no Brasil. E, claro, os ingleses cobraram um preço alto por isso e levaram a maioria parte do ouro brasis para a Inglaterra.
Creio que quem conhece um pouco de história sabe como essas novas potenciais - Inglaterra e França - entraram pesado nas guerras e no advento da Revolução Industrial, ao lado da Alemanha, e até os dias atuais dominam as tecnologias na Europa e Portugal ficou de fora, assim como a Espanha franquista.
O resultado é que, hoje, Portugal não domina a tecnologia da computação, da indústria de automóveis, da indústria nautica, da medicina, da engenharia, etc, e vive, como o Brasil importando tudo o que necessita. Portugal, no entanto, tem sido descoberto (fenômeno que aconteceu a partir dos anos 1990) exatamente por ser um local "virgem", pacífico, com povo de ótima indole, e desenvolveu uma idustria no segmento do turismo e lazer que tem ajudado muito na sua sustentabilidade.
Essa corrida em direção a Portugal para ter um padrão de vida sossegado, de paz, tem também gerado uma corrida de migrantes da África, do Brasil e do Sul Asiático em busca de empregos que se tornou (ou está se tornando) um problemão. O país tem 10 milhões de habitantes sendo 10% de estrangeiros, dos quais, 4% são de brasileiros (400 mil) e muitos vão em busca de empregos. Para se ter uma ideia do que isso representação, o Brasil 220 milhões de habitantes e se tivesse 10% de estrangeiros seriam 20 milhões de pessoas, mais do que exitem na Bahia, Sergipe e Alagoas.
Há, segundo os analistas internacionais, uma bolha a explodir. Ninguém sabe quando isso acontecerá, mas os sinais já são preocupantes e o país saiu do sinal verde para o amarelo. (TF)