Há 13,2 milhões de trabalhando sem carteira assinada no setor privado, maior nível da série histórica, iniciada em 2012
Tasso Franco , Salvador |
30/09/2022 às 14:20
Há 13.2 milhões de trabalhadores com carteira assinada
Foto: DIV
Em agosto e atingiu o menor patamar desde o trimestre encerrado em julho de 2015, há sete anos, quando ficou em 8,7%. Isso significa que há 9,7 milhões de brasileiros que procuram uma oportunidade, menor nível desde novembro de 2015. Ao mesmo tempo, o contingente de pessoas ocupadas chegou ao recorde de 99 milhões.
Mas há uma precariedade em parte dos empregos conquistados: há 13,2 milhões de trabalhando sem carteira assinada no setor privado, maior nível da série histórica, iniciada em 2012. O total de trabalhadores informais também atinge seu pico: 39,3 milhões de brasileiros estão nesta condição.
Economistas ponderam que a Pnad Contínua apontou bons resultados, diante da continuidade da expansão do emprego formal e da população ocupada, hoje recorde de quase 100 milhões. Mas o ritmo de geração de postos de trabalho no terceiro e quarto trimestre do ano tendem a desacelerar em relação aos trimestres anteriores.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, avalia que a taxa de desemprego deve cair para 8,7% até o fim do ano, mas a trajetória começa a se inverter a partir do ano que vem por conta dos efeitos dos juros altos e da desaceleração global.
A XP também calcula que a taxa de desemprego encerre o ano em 8,5%, na série com ajuste sazonal. Segundo Daniel Duque, pesquisador Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), este percentual estaria dentro da chamada taxa de desemprego de equilíbrio, que no Brasil beira entre 7,5% e 8,5%. Ou seja, a tendência é de uma acomodação do indicador nos próximos meses.
Além dos juros, outro fator que pode fazer com que a taxa de desemprego volte a subir no ano que vem é o aumento da taxa de participação, que mede a parcela da população em idade de trabalhar que está empregada ou procurando trabalho.
Duque, do FGV Ibre, explica que boa parte da queda do desemprego está relacionada não só com a geração de vagas, mas com a saída de pessoas força de trabalho e que pós-pandemia ainda não retornaram a busca por oportunidades. Só entra para a estatística de desemprego do IBGE quem não estava trabalhando no período da consulta, mas procurou trabalho nos 30 dias anteriores.
— A queda do desemprego foi bastante beneficiada pelo aumento do valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600. Houve uma redução da força de trabalho no período. Para frente vai depender muito de como o atual ou o novo governo irá conduzir os programas sociais, mas devemos ver uma recuperação da força de trabalho que deve pressionar a taxa de desemprego — afirma Duque.
Expansão da informalidade
Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa do IBGE, afirma que o mercado de trabalho seguiu no período de junho a agosto o fluxo de recuperação dos postos de trabalho que vem ocorrendo ao longo do ano. Ela pondera, contudo, que o recente aumento do emprego com carteira não inibe a expansão da informalidade, que cresce no país desde o final de 2020 - saindo de 31 milhões para 39,3 milhões em um ano.
— Embora haja um indicativo de crescimento da carteira de trabalho, a população ocupada informal permanece com participação extremamente relevante, seja no processo de recuperação ou de manutenção da ocupação. Ou seja, não necessariamente os informais estão passando a ser formais no mercado de trabalho.