O brasileiro e os latinos americanos sofrem pelas desvalorizações de suas moedas frene ao euro
Tasso Franco , Paris |
16/05/2022 às 17:42
Arraia, o kg 18,95 euros (app 95 reais) e patinhas de caranguejo 19,90 euros (110 reais)
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PARIS - Alguns leitores (e amigos) têm me perguntado se a vida nesta cidade é cara como se propaga ou se trata de uma informação infundada só para afugentar quem deseja passear ou até morar na capital dos franceses.
Diria que o padrão é alto e o custo de vida se relacionado ao Brasil, especialmente Salvador - a localidade que moro - de fato, assusta. Mas, nada alarmante para os locais uma vez que todos ganham (e gastam) em euros, uma moeda mais valorizada do que o dólar quando se converte para o real.
Hoje, o euro está cotado R$5,27 e o dólar a R$5,05. Em média uma refeição custa entre 15 e 20 euros sendo que se for um prato que contenha carne de boi gira em torno de 25 a 30 euros por refeição individual.
Os restaurantes na França - na Europa de uma forma geral - não servem pratos para duas pessoas, salvo exceções. Os bistrôs nem pensar nisso. Os pratos são individuais e você pode até não comer todo e dividir com a companheira ou companheiro, em comum acordo entre o casal, sem a participação do restaurante. É, também, considerado deselegante, pedir um prato vazio para compartilhar.
Não adianta fazer comparativos nem com o Brasil nem com outras cidades da Europa. Na Espanha (Valencia) e em Portugal (Lisboa) os preços nos restaurantes e nos supermercados são bem mais em conta do que aqui.
E os salários mínimos nesses 3 países europeus citados gira em torno de 1.600 a 1.800 euros brutos. Na França, há um movimento dos partidos da esquerda nas eleições do Parlamento em junho próximo para se estabelecer um SM de 1.600 liquidos. O presidente Emmanuel Macron está sob pressão pois a inflação subiu para previsíveis 6.4% em junho 2022, o que é considerada alta.
Os preços dos gêneros alimentícios e dos produtos de limpeza que mais pesam para as famílias variam, também, de supermercado a supermercado, tentando quebrar a hegemonia no Carrefour que está por todo canto nesta cidade com megas-lojas e mercadinhos. A estratégia do Carrefour é diferenciada do Super Preço ou do Pão de Açucar que só tem lojas grandes.
Além disso, há vários marchés (mercados) e feiras livres onde os preços são um pouco mais baratos. O frango que custa 17 euros o kg - o assado - pode ser comprado na feira por 13 euros; e a carne de primeira (não filé) que gira entre 28 a 30 euros o kg nos supermercados e açougue, nas feiras também são mais em conta.
Nas feiras há também muitas promoções especialmente nos momentos chamados popularmente de 'fim de feira' quando os preços caem bastante para alguns produtos que os feirantes não querem levar de volta nos seus caminhões. Ademais, têm as cestinhas promocionais - como no Brasil - de tomates, cenouras, abacates, etc, por preços enre 3 e 5 euros.
Portanto, só quem mora nesta cidade é que vai aprendendo esses macetes o que é invisível para os turistas. No geral, o turista só vai a um 'marché' ou a um supermercado para comprar pães, queijos e vinhos.
Tudo o que é importado - frutas tropicais e aqueles que veem da Ásia e da Africa, em especiala do Marrocos, são carríssimas para o que estamos acostumados. Afinal, pagar 4 euros por uma maga e 8 euros por um kg de mamão não é nosso caso. Há, no entanto, as frutas européias que são até mais baratas do que no Brasil - peras, uvas, maçãs, figos, etc.
Portanto, uma mão lava a outra. Deixemos para chupar mangas em Salvador ou em Vila de Abrantes onde uma cestinha repleta custa 10 reais.
Uma boa dica para quem está morando ou passando uma temporada como eu - 90 dias - é seguir as donas de casas nas feiras livres e se tornar um europeu momentaneamente.
Outro detalhe é que são raras as familias que fazem mercadões para o mês todo e é frequente vê-se as donas de casas com aqueles carrinhos pequenos - os supermercados não ensacam produtos nos caixas - fazendo a feira da semana. (TF)