A prolongada guerra na Ucrânia só tem piorado a situação e na França o preço do gás está congelado desde novembro de 2021
Tasso Franco , Paris |
13/05/2022 às 15:02
Veja os preços dos combustíveis em Paris, em euros (o euro hoje está a 5,50 reais)
Foto: BJ
PARIS - O presidente da França, Emmanuel Macron, também enfrenta a insatisfação da população diante da escala da inflação, em parte substancial provocada pela prolongada guerra do Ucrânia e que pode se propagar para a Finlândia e Suécia com a disposição desses dois países em aderirem a OTAN. O pesidente da Federação Russa, Vladimir Putin, já anunciou que vai cortar a energia que fornece a Finlândia.
Na França, os preços nos supermercados não param de subir - carnes, frutas, legumes materiais de limpeza etc - e os combusbíveis que já são vendidos a 2.15 a gasolina e o diesel a 2.25, portanto, acima de dois dígitos numa conversão para o real. O país vai enfrentar as eleições legislativas, em junho próximo, para eleger o Parlamento - as duas câmaras - quase dois meses da eleição presidencial que reelegeu Macron, no último dia 24 de abril, em segundo turno contra Marine Le Pen, da direita,
A inflação na França deve chegar a 5,4% em junho, segundo previsões divulgadas em 9 de maio pelo INSEE, e há uma proposta do lider da esquerda, Jean-Luc Mélenchon e dos candidatos da Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes ), no sentido de congelar alguns preços. O líder da La France insoumise (LFI) defende, "no início", para fixar os preços de uma cesta de cinco frutas e legumes, bem como certos bens e serviços de consumo diário, como massas ou roupas, ou os de energia e combustíveis".
Acontece que esta medida, em parte, já foi implementada por Emmanuel Macron: os preços do gás estão congelados desde 1º de novembro de 2021, enquanto o aumento do preço da eletricidade é limitado a 4% para pessoas físicas e pequenas empresas desde 1º de fevereiro .
Ao Le Monte, os analistas dizem que medidas do escudo energético, como o desconto no preço do combustível na bomba, também permitiram limitar a inflação na França. Sem este aparelho, a alta dos preços ao consumidor teria ultrapassado 7% em maio, ou dois pontos a mais, estima o INSEE. Prova, portanto, de que o congelamento de preços pode ser eficaz, pelo menos no curto prazo, para conter a inflação e preservar o poder de compra.
Aliás, sublinha Philippe Martin, vice-presidente do Conselho de Análise Económica, "o congelamento do preço do gás no mercado europeu permite reduzir a especulação e reduzir os rendimentos dos russos" . Para que, "em uma economia de guerra, pelo menos no curto prazo, esse tipo de medida não seja absurdo", avalia o economista.
A questão está no longo prazo. Ou seja, até quando a França vai poder manter o congelamento e em quais produtos, e quando o mercado voltar ao normal poderá haver uma corrida no realinhamento de preços internacionais. Nesse jogo, a Rússia tem um poder extraordinário porque abastece parte da Europa com gás, energia e petróleo.
Paris está lotada de turistas com o fim da pandemia do coronavirus e a proximidade do verão. Tudo isso, com uma demanda enorme por serviços, alimentos, vinho, laser, etc, ajuda a gulosa inflação a crescer. O turista, em princípio, não está preocupado se o restaurante está cobrando 2 ou 5 euros a mais num prato de refeição e, normalmente, paga. Lembrando que a França cobra ainda 20% de IVA em qualquer conta de bar e restaurante e para você encontrar uma vaga num deles tem que esperar na fila. (TF)