Paralisações dos caminhoneiros prejudicam a economia e não muda nada em relação a decisões do STF e do Senado, em Brasília
Pra piorar a situação, caminhoneiros deflagaram paralisções pró-Bolsonaro em 15 estados alegando que querem protocolar requerimentos de impeachment de ministros do STf no Senado e até o presidente, que armou essa bomba relógio incial no 7 de Setembro, divulgou um video no qual pede aos caminhoneiros que liberem as estradas do país e diz que a ação "atrapalha a economia" e "prejudica todo mundo, em especial, os mais pobres". Nesse ponto, Bolsonaro acertou e não se sabe se será ouvido ou não. Fala-se que, nesta quinta-feira, 9, haverá uma reunião em Brasília com representantes dos caminhoneiros, o presidente e o ministro Tarcísio Gomes de Freitas.
Agora, vamos a parte objetiva e práticas dessas questões. A primeira delas é que Bolsonaro não tem força político-institucional para decretar uma intervenção. As Forças Armadas - que sustentam esse tipo de ação - não deram sinais algum nessa direção. Na ordem do dia de 31 de março último, o ministro da Defesa, Braga Neto, anunciou: "A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País".
O segundo ponto está realacionada a fala de Bolsonaro contra dois ministros do STF - Luis Barroso e Alexandre de Moraes. Em resposta, ontem, o presidente do STF, Luis Fux, afirmou que a Corte jamais aceitará ameaças à sua independência nem intimidações ao exercício regular de suas funções e não tolerará ameaças à autoridade de suas decisões. “Ninguém fechará esta Corte. Nós a manteremos de pé, com suor e perseverança. No exercício de seu papel, o Supremo Tribunal Federal não se cansará de pregar fidelidade à Constituição”.
Os outros pontos são relevantes, porém, de menor valia. Já se sabia que, pressões que fossem, Arthur Lira não daria encaminhamentos a pedidos de impeachement de Bolsonaro; e que o Senado não autoriza impeachment de ministros do STF. E mais: a CPI da Covid segue adiante.
Então, o que se ganhou com as manifestações do 7 de Setembro para a população, os trabalhadores, a classe média que ajuda a sustentar o pais, absolutamente nada.
Ah!, diz-se: o presidente Bolsonaro ficou mais forte nas ruas, popularmente; os ministros do STF não saem de casa e ficaram antipopulares; quem manda no Brasil é o povo e não os politicos; os caminhoneiros estão mostrando a sua força ao lado de Bolsonaro; e uma série de outras frases repletas de bobagens.
Agora, pergunto: ministro do STF está preocupado com inflação, com popularidade, vai a feira livre ou ao supermercado? Não. Veraneiam e passam feriadões na Europa e ganham salários altissimos. Portanto, se a greve dos caminhoneiros elevar o preço do feijão de R$8,00 o k para R$20,00 eles estão pouco ligando.
E os senadores estão preocupados com o quilo do açúçar e aumento do plano de Saúde? Nada. Quando têm quaisquer problemas são levados para o Hospital Sirio Libanês conta paga pelo Senado e têm 70 assessores por gabinete. Creio que nenhum deles já foi no Bom Preço ou nas Drograrias São Paulo.
O mesmo pode se dizer dos ministros de Estado, TCU, TCM, TCE e do presidente da República. A greve dos caminhoneiros só prejudica os pobres e não mexerá uma palha em decisões do STF e do Senado. O povo - como sempre - é quem paga o pato.