Por fim, não dá para esquecer do alto custo de produzir no Brasil e da insanidade tributária existente há décadas.
Tasso Franco , da redação em Salvador |
12/01/2021 às 11:41
Planta da Ford em Camaçari
Foto: DIV
O fim das atividades industriais da Ford no Brasil com o fechamento imediato das fábricas em Taubaté (SP) e Camaçari (BA) - a fabricação do Troller, em BH, vai até o final de 2021 - tem foco nas mudanças da montadora nos mercados norte-americano e mundial o que foi agravado ou exigiu uma decisão mais rápida da empresa diante da pandemia do coronavirus e dos custos de produção de veículos no Brasil. A Ford está entre nós desde 1919.
A fabricante disse, no comunicado sobre os fechamentos das fábricas, que a decisão foi tomada "à medida em que a pandemia de Covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas".
Mais informações foram detalhadas em uma carta enviada para os concessionários. A montadora afirmou que "desde a crise econômica em 2013, a Ford América do Sul acumulou perdas significativas" e que a matriz, nos Estados Unidos, tem auxiliado nas necessidades de caixa, "o que não é mais sustentável".
A montadora citou ainda a recente desvalorização das moedas na região, que "aumentou os custos industriais além de níveis recuperáveis".
A atividade fabril na Argentina continuará, apesar de problemas econômicos e políticos até mais graves que os brasileiros por incluir mais uma moratória de sua dívida externa. A Argentina produz a Ranger, dentro do escopo mundial da companhia. E a legislação argentina oferece incentivos fiscais para picapes, tanto que a Hilux é o produto mais vendido no mercado local.
A Ford confirmou que o plano para produção da Ranger inteiramente nova continua. A próxima geração estreia em 2023. Até a operação de montagem, a partir de conjuntos CKD, do furgão Transit está confirmada no Uruguai já este ano.
O México é outro país que exporta para o Brasil sem pagar II. De lá chegarão o SUV Bronco Sport, a picape intermediária Maverick e o SUV elétrico Mustang Mach-E. Dos EUA virá o Escape (também na versão híbrida).
A Ford sustentou desde sua separação da VW na Autolatina, em 1995, a quarta posição entre as marcas mais vendidas. Mas Hyundai e Renault acabaram superando-a. O mote da companhia americana continuará focado na rentabilidade. Participação de mercado será a que for possível.
Esses são alguns dos fatores do fechamentos das fábricas no Brasil incluindo a forte tributação de acordo com as caducas leis brasileiras.
Na Bahia, o governador Rui Costa se mobiliza para trazer uma montadora chinesa, mas é duvidosa ou ao menos demorada sua ação.
O governo da Bahia tem negligenciado sua ação na área industrial e se preocupa e age muito mais na área social na construção de hospitais e policlinicas.
Quando acontece um caso desses como o fechamento da Ford pega-se todo mundo de surpresa. Acontece que a Ford já vem passando por problemas há anos, pedeu - em parte - o 'time' na corrida pelo carro elétrico, pelas novas tecnologias, o que tem impactado a industria automobilítica no mundo todo.
Uma montadora da China - se vier - tem que ser nessa direção. Até os construtores de prédios residenciais em Salvador já anunciam que em suas novas plantas haverão áreas nas garagens com dispositivos para as baterias dos carros elétricos.
E, em algumas cidades mundiais já se controem as bases ou polataformas para acesso aos carros voadores e estradas em que veiculos circularão sem motoristas. Em Salvador, constroe-se um BRT!
É uma revolução mundial tecnológica. Claro que tem a ver, também, com a política.
Com o governo federal sem uma diretriz, um ministro da Economia que fala mais do que age, um Congresso que não está preocupado com as reformas de base, a tendência é o Brasil ir ficando para trás.
Ontem o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse que "só papai do céu tira ele do governo". Por aí se vê por onda anda a prioridade do governo.