Bolsonaro quer ação patriótica o que não adianta coisa alguma
Tasso Franco , da redação em Salvador |
08/09/2020 às 19:00
No Paraná, R$42,99 para saco com 5k
Foto: DIV
O preço do arroz disparou nos supermercados nas últimas semanas. Um pacote de cinco quilos, normalmente vendido a cerca de R$ 15, chega a custar R$ 42 na gôndola. Um levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que a alta do arroz chega a 100% em 12 meses. O kilo ao consumidor está sendo vendido a R$8,80 e tende a faltar. O Ministério da Agricultura diz que não vai falar o produtores.
Produtores e especialistas dizem que os preços devem continuar subindo nos próximos meses. O principal motivo da alta de preços do arroz é a desvalorização do real em relação ao dólar, que atualemente está custando R$ 5,37. Isso faz com que muitos produtores prefiram exportar, ganhando em dólar, a vender arroz no mercado interno. As informações são do portal UOL.
As exportações de arroz beneficiado saltaram 260% entre março e julho deste ano, para 300 mil toneladas. Para piorar, também houve redução de 59% nas importações do produto no período, para 48,3 mil toneladas.
Na última semana, Jair Bolsonaro chegou a pedir 'patriotismo' a donos de supermercados para tentar reduzir preço da cesta básica. O presidente afirmou que o aumento nos preços se deu porque a população recebeu o dinheiro do auxílio emergencial. “O pessoal começou a gastar um pouco mais, muito papel na praça, a inflação vem”.
APELO PATRIÓTICO
Jair Bolsonaro diz que vai apelar para o “patriotismo” dos supermercadistas para não deixarem continuar a subir o preço dos itens da cesta básica, cujo valor está disparando por conta do câmbio, que torna mais lucrativo exportar e, para deixar aqui, tem de acompanhar o que se obtém vendendo para fora.
“Só para vocês saberem, já conversei com intermediários(!!!!), vou conversar logo mais com a associação de supermercados para ver se a gente … não é no grito, ninguém vai dar canetada em lugar nenhum”, disse o presidente, continuando depois: “Então estou conversando para ver se os produtos da cesta básica aí… Estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro.”
Ou será que o agronegócio vai subsidiar o óleo de soja para a fritura brasileira, se está exportando soja em quantidades recorde para a china? Os “patriotas” da Friboi vão dar um descontinho no acém, se mandar carne processada para fora é mais lucrativo? Os franceses que controlam o Extra, o Pão de Açúcar, o Assaí, o CompreBem e outros serão “patrióticos”?
A verdade é que o preço dos alimentos é o “lado B” da aposta do Brasil numa desvalorização cambial que ajudasse a segurar, com a exportação, as contas externas do país.