Economia

CICLONE IDAI já deixou 761 mortos em Moçambique, Zimbábue e Malaui

Informações do O Sapo e da Folha de Maputo
Tasso Franco , Salvador | 24/03/2019 às 10:12
Região Central de Moçambique a mais afetada
Foto: O SAPO
  As informações da imprensa de Maputo, capital de Moçambique, são desencontradas sobre as mortes provocadas pelo Ciclone Idai. Fala-se que já são mais de 700, mas, oficialmente o número de mortos após a passagem do ciclone  subiu para 446 só em Moçambique, segundo o ministro de meio ambiente do país, Celso Correia. O ministro também afirmou que 531 mil pessoas foram afetadas, sendo 110 mil delas no campo.

   A tempestade também matou 259 pessoas no Zimbábue e 56 pessoas morreram no Malaui em fortes chuvas que ocorreram antes do ciclone. Com isso, o total de mortos devido ao fenômeno da natureza subiu para 761.

      O ciclone Idai passou pela cidade portuária da Beira, com ventos de até 170 km/h na semana passada, e depois foi em direção ao interior do continente, pelo Zimbábue e Malaui, deixando populações inundadas e devastando casas.

MÚSICO SOLIDÁRIOS

Selma Uamusse, B. Fachada, Gisela João, Lula Pena e Ricardo Toscano são alguns dos muitos músicos que vão estar hoje na associação cultural ZDB, em Lisboa, para apoiar a população moçambicana atingida há uma semana pelo ciclone Idai.

A iniciativa solidária decorrerá durante a tarde no terraço da ZDB, e tem por objetivo angariar verbas e donativos que serão entregues ao Grupo Unidos pela Beira, cujo trabalho "se tem revelado significativo na minimização dos efeitos da catástrofe", segundo a associação cultural.

Entre os cerca de 60 músicos e artistas visuais que se associam à tarde solidária estão Wasted Rita, Alice Geirinhas, Hugo Canoilas, António Poppe, Igor Jesus, Xavier Almeida, Joana Hintze, Filipe Sambado, Jasmim, Primeira Dama e Ricardo Toscano com Pedro Sousa e Gabriel Ferrandini.

"Nesta tarde de domingo, partilhamos música e petiscos no terraço, num gesto de encontro solidário com concertos, DJ sets e trabalhos de artistas e cujo lucro reverterá na íntegra para o auxílio da população moçambicana", refere a ZDB.

A cantora de origem moçambicana Selma Uamusse está também na mobilização de meios para o concerto que, no dia 02 de abril, acontecerá no Teatro Capitólio, em Lisboa, e que será transmitido pela RTP, e cujas receitas vão reverter "integralmente para associações que prestam assistência em Moçambique, às vítimas do ciclone Idai”, segundo a promotora.

A "emissão especial irá decorrer entre as 10:00 e as 00:00 na RTP 1 e na Antena 1”, com o objetivo de “angariar o máximo possível de receitas, a distribuir equitativamente pelas sete associações que se encontram no terreno a prestar assistência às centenas de milhares de vítimas”, segundo o comunicado divulgado na sexta-feira.

As sete associações beneficiárias desta iniciativa são Fundação de Assistência Médica Internacional (AMI), Cáritas Portuguesa, Cruz Vermelha Portuguesa, Médicos Sem Fronteiras, Associação HELPO, a Fundação Girl Move e a ACRAS - Associação Cristã de Reinserção e Apoio Social.

Na quinta-feira, o músico João Gil lançou também o desafio para a realização do "maior concerto do mundo", via internet, para angariação de fundos de apoio à população de Moçambique.

CORRUPÇÃO

"Está na altura de as autoridades moçambicanas serem transparentes relativamente à dívida odiosa e deviam genuinamente investir todos os seus recursos na salvaguarda das vidas do povo de Moçambique e na integridade da nossa nação", disse Denise Namburete, uma ativista do Fórum de Monitoria do Orçamento, em Maputo.

Para esta dirigente do organismo que acompanha a evolução do orçamento, "não há hipótese de o país conseguir recuperar da magnitude do impacto do ciclone idai sem vencer a cultura de corrupção, que suga os recursos essenciais da infraestrutura pública que pode salvar vidas e potenciar o desenvolvimento".

O escândalo de corrupção ao mais alto nível no anterior Governo de Moçambique ficou conhecido como o caso das dívidas ocultas, e representa dois empréstimos contraídos por empresas públicas (MAM e ProIndicus) sem o conhecimento das autoridades nacionais e dos doadores internacionais, com o aval do Estado, e no âmbito do qual estão detidos três antigos banqueiros do Credit Suisse, o antigo ministro das Finanças Manuel Chang e o filho e a secretária pessoal do antigo Presidente da República Armando Guebuza.

"A devastação causada pelo ciclone Idai é mais uma razão para o povo moçambicano não ter de pagar um centavo dessas dívidas", defendeu o economista-chefe do Comité para o Jubileu da Dívida, uma ONG britânica.

"A economia moçambicana já foi suficientemente atingida por uma crise da dívida desencadeada por empréstimos secretos de 2 mil milhões dados por bancos britânicos", disse à Lusa Tim Jones, acrescentando que "há pelo menos 700 milhões de dólares desaparecidos, e uma investigação norte-americana alega que pelo menos 200 milhões foram gastos em subornos a banqueiros e políticos envolvidos nas transações".

Para este economista, o facto de, três anos depois dos empréstimos terem sido divulgados, "a injusta situação da dívida não ter ainda sido resolvida é uma acusação maldita para a comunidade internacional em geral e para o Governo britânico em particular", até porque "o falhanço na resolução da crise da dívida nos últimos três anos pode prejudicar os esforços de reconstrução" dos estragos causados pelo ciclone Idai, que já matou cerca de 300 pessoas só em Moçambique, a que se juntam outras 300 no Zimbabué e Malaui, afetando quase 3 milhões de pessoas, no total.

"As pessoas estão agora mesmo a morrer em Moçambique por causa do ciclone e das inundações; as pessoas estão nos telhados à espera de serem salvas por ajuda que muitas vezes não chega; o povo precisa de uma resposta de emergência agora mesmo para sobreviver a esta crise", disse Anabela Lemos, da ONG Justiça Ambiental.

O impacto do ciclone é "uma lembrança dura de que a crise climática está aí e que os países desenvolvidos precisam urgentemente de reduzir as suas emissões e parar de financiar a exploração de combustíveis fósseis", disse Anabela Lemos, apontando que "agora mesmo, o Governo britânico está a ponderar financiar a exploração de gás em Moçambique, quando o que precisamos é, em vez disso, de energias renováveis centradas nas pessoas".

O ministro beira

BEIRA - Já não só as más noticias que mais velocidade ganham nas partilhas, mas sim a cada serviço que é activado para o bem da população, não só da Beira, mas de todo mundo. Diz-se que sem água não há vida, pelo que o Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG) restabeleceu, sexta-feira, ainda de forma sazonal, o serviço de abastecimento do preciso líquido as cidades da Beira e Dondo.

Enquanto isso, ao habitual da “cor verde” ser sinónimo de esperança, a escuridão significar luto em algumas realidades, como é o caso das consequências do IDAI, a cada Luz que no fundo de cada túnel se via era a confirmação de que a vida está a voltar a normalidade. Ainda que ontem se contava alguns pontos como é o caso da alimentação de energia eléctrica ao Aeroporto, Hotel Beira Terrace, Hotel VIP, Hotel Embaixador, mcel, BIM, prédio Emose, Prédio Belo Horizonte, Impório, Tâmega, Prédio da antiga RM, Prédio Cogropa, Prédio A Luta Continua, Prédio Atlântida 1 e 2, Prédio Ali Babá, Prédio TPB, Prédio Zuid, Prédio Uniconfiança, Prédio Navituri, Hospital da Munhava, FIPAG Munhava e Conselho Munhava, este domingo, alguns bairros já não precisam de fazer longa filas para carregar celular no painel solar do vizinho.

A rede de estrada é que mais rosto de más noticias sobre a cidade Beira sacudida pelo ciclone. Hoje, muito rapidamente do que do previsto está a sair do isolamento que estava sujeita. Ontem foi restabelecida a ligação por terra por vias ou contornos montados às infra-estruturas danificadas pelo IDAI (a foto que acompanha este apontamento ilustra o exercício feito).

De resto, há dentro deste trabalho, equipas multiformes coordenadas pelo Governo Central que dividas em três grupos, desde o de busca e salvamento, de reconstrução e de restabelecimento de serviços. E, mais, há moçambicanos de outras províncias que se deslocaram ou a partir do local onde se encontram a não medir mãos para a Zona Centro recuperar da devastação do ciclone. Aos países que logo a primeiro minuto estão a fazer sua parte em prol a vida dos moçambicanos afectados.

das Finanças atual considerou recentemente, no Parlamento , que serão os tribunais britânicos a decidir se o Estado deve pagar esses empréstimos, no valor de cerca de 1,3 mil milhões de dólares, mas sobre os 727,5 milhões de dólares em títulos de dívida pública emitidos para substituir uma emissão obrigacionista da EMATUM, o Executivo diz que continua a negociar com os 'bondholders', os detentores desta dívida soberana.