Economia

Desmonte de barragens da Vale envolve dois complexos minerários

Com informações do Estado de Minas
Tasso Franco , da redação em Salvador | 30/01/2019 às 10:42
Duas minas desmanteladas: Vargem Grande e Paraopebas, no modelo de alteamento a montante
Foto: EM
A Vale vai desmontar 10 barragens construídas a montante,  mesmo molde da estrutura que se rompeu na sexta-feira em Brumadinho. Para isso, as operações nos empreendimentos onde elas estão localizadas serão interrompidas por até três anos, anunciou nesta terça-feira, em entrevista coletiva, o presidente da companhia, Fabio Schvartsman. A decisão da empresa foi apresentada hoje ao Ministério das Minas e Energia, em Brasília, e ontem, ao governador de Minas, Romeu Zema (Novo).

 O programa vai custar R$ 5 bilhões e deve reduzir a produção de minério de ferro da companhia em 10%. Serão descomissionadas – descaracterizadas como barragens e rejeitos para reintegrá-las ao meio ambiente – quatro estruturas do complexo Vargem Grande (Abóboras, Vargem Grande, Capitão do Mato e Tamanduá) e cinco do Paraopebas (Jangada, Fábrica, Segredo, João Pereira e Alto Bandeira). Todas elas já estão desativadas e se distribuem por cinco cidades. A lista inclui também a represa de rejeitos da Minas do Córrego do Feijão, que colapsou na semana passada. 

Segundo Schvartsman, a maioria das barragens da mineradora é construída em maciço, o método convencional. “E essas jamais, historicamente, tiveram problemas no Brasil ou fora do país. Há um pequeno número de construções a montante, que é o mesmo método construtivo de Mariana e de Brumadinho”, afirmou. Pelo método de alteamento a montante, vários degraus são erguidos contra o talude ou contra a parede da estrutura que dá sustentação à barragem, à medida que a quantidade de rejeitos aumenta. Esse modelo é o mais barato e arriscado.
 

O projeto de descomissionamento dessas estruturas já vinha sendo desenvolvido desde o rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, Região Central de Minas, em 2015. A estrutura pertencia à Samarco, da qual a Vale é uma das controladoras. Segundo o presidente da companhia, a diretoria que estava à frente da mineradora na época do desastre fez levantamento das então 19 barragens em construção a montante da companhia. A mineradora, então, as paralisou, tornando inativas todas elas, trabalhando com especialistas internacionais para ter segurança da estabilidade, explicou.

Concomitantemente, foi iniciado o descomissionamento gradual, já concluído em nove represas de rejeitos. Sobraram 10, entre elas, a barragem da Mina do Córrego do Feijão, que se rompeu, onde o processo já estava em andamento. Os órgãos ambientais mineiros concederam licença em dezembro para os trabalhos. Depois do desastre de Brumadinho, a direção atual decidiu executar o plano imediatamente em todas as estruturas remanescentes.