Decisão reforça desejo do acionista controlador de fazer separação entre a família e a liderança executiva dos negócios
Marcelo Gentil , Salvador |
17/12/2017 às 19:20
Emilio Odebrecht
Foto: Marcelo Gentil
Em discurso na presença de 200 executivos, com mensagens dirigidas especialmente aos jovens, Emílio Odebrecht, 72 anos, anunciou hoje, no encerramento da reunião anual de seu Grupo empresarial, em Salvador, que deixará de ser Presidente do Conselho de Administração da Odebrecht S.A. em abril de 2018, durante a realização da Assembleia Geral de Acionistas.
Foi o segundo anúncio feito por Emílio esta semana com impacto sobre a sucessão na Odebrecht. Na segunda-feira, 11/12, em comunicado aos integrantes do Grupo, Emílio informou que, daqui em diante, por decisão do acionista controlador, nenhum membro da família Odebrecht poderá ser diretor presidente da Odebrecht S. A..
Agora, com a notícia de sua saída da presidência do Conselho de Administração, Emílio reforça e aprofunda o que já dissera no início da semana: tanto o seu gesto como o novo critério para escolha do diretor presidente representam o desejo do acionista controlador de fazer a separação entre a família Odebrecht e a liderança executiva da Odebrecht S.A., holding dos negócios do Grupo.
Emílio não anunciou o nome de seu sucessor, mas disse que junto com ele se dedicará à renovação do próprio Conselho de Administração, a ser concluída até abril, para adequá-lo “às exigências e aos desafios da nova etapa de vida da Odebrecht”.
“Durante estes próximos meses”, disse ele, “a partir do voto oficializado pelo acionista majoritário, implantaremos as disposições da nova Política sobre Governança, que define as orientações para a atuação da Odebrecht S.A. como uma holding detentora de um portfólio de Negócios autossuficientes. Ou seja, cada um com governança própria, o que lhe garante autonomia para o desenvolvimento e a execução da sua própria estratégia”.
A Política sobre Governança, entre outras mudanças a serem implantadas na gestão da Odebrecht, estabelece novos critérios para a composição do Conselho de Administração. Fixa em 75 anos o limite de idade dos conselheiros. E recomenda que a escolha deles “deverá prezar pela diversidade de conhecimentos, de experiências e de aspectos culturais, nacionalidade, faixa etária e gênero”.
No discurso aos executivos, Emílio afirmou: “Hoje, temos consciência de que atuar com Ética, Integridade e Transparência é fundamental para sobrevivermos e voltarmos a crescer. É uma demanda dos nossos Clientes e das sociedades onde estamos presentes”.
E acrescentou: “Quem passou pelo que passamos, aprendeu o que aprendemos, mudou como mudamos e manteve sua cultura e suas qualidades empresariais e técnicas, como nós mantivemos, apesar da saída de muitos companheiros, será certamente a escolha de Clientes e a preferência de parceiros de negócios”.