O economista e professor Luiz Carlos Bresser-Pereira (FGV-SP) esteve em Salvador, nesta segunda-feira (14), para apresentar o Projeto Brasil Nação, que, segundo ele, é um manifesto sobre um novo desenvolvimento para o país. O evento, uma parceria entre o mandato do deputado federal Davidson Magalhães (PCdoB-BA) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), aconteceu na Reitoria da universidade.
O projeto de Bresser-Pereira, que já foi ministro nos governos de Itamar Franco (Fazenda) e Fernando Henrique Cardoso (Administração/Ciência e Tecnologia), é uma resposta ao cenário de crises política e econômica do Brasil, e da implantação de uma agenda "liberal radical", ainda de acordo com o professor. O manifesto foi dividido em cinco posturas estratégicas que devem ser adotadas para o novo desenvolvimento.
Entre os cinco pontos estão: uma regra fiscal que não seja mera tentativa de reduzir o tamanho do Estado à força, como se tem feito; taxa de juros mais baixa, semelhante àquela de países de igual nível de desenvolvimento; superávit em conta corrente necessário para que a taxa de câmbio assegure competitividade para as empresas industriais eficientes; retomada do investimento público; e reforma tributária que torne os impostos progressivos.
A inclusão da reforma tributária, com foco na progressão, entre as prioridades é uma forma de garantir uma melhor distribuição de renda, de modo a fazer com que os que ganham mais, paguem mais. “Imposto progressivo é essencial, mas parece ter sido esquecido. No Brasil, o processo tem sido regressivo e é o pobre quem acaba pagando muito mais”, defendeu.
Davidson Magalhães reforçou as críticas ao governo de Michel Temer, que, segundo ele, tem implantado “um processo célere e profundo de desmonte de políticas sociais e do setor industrial”. Para o deputado, o debate das propostas capitaneadas por Bresser-Pereira é fundamental para a construção do novo projeto de desenvolvimento para 2018.
Golpe e Imperialismo
Bresser-Pereira também defendeu a necessidade de retomada de uma agenda progressista, soberana, que enfrente a questão da subordinação do Brasil em relação às grandes potências econômicas mundiais.
“É possível, mas o Brasil precisa pensar com a sua própria cabeça. Enquanto estiver subordinado aos Estados Unidos, à Alemanha, que são imperialistas, enquanto não tiver um governo desenvolvimentista de esquerda, de centro-esquerda, o Brasil vai continuar para trás”, argumentou o professor.
O evento contou também com a participação de três debatedores: o deputado Davidson Magalhães, um dos organizadores e professor da Universidade do Estado (UNEB); o professor da UFBA e ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli; e Jorge Almeida, professor da UFBA. A mesa teve moderação do diretor da Faculdade de Economia da UFBA, Henrique Tomé.
O encontro na Reitoria da UFBA é preparatório para o Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da Universidade, que vai acontecer de 16 a 18 de outubro.