O ex-senador Waldeck Ornelas ressaltou que o estado não pode abdicar de seu papel de ser um indutor das políticas de planejamento, ressaltando que o Brasil abril mão deste protagonismo. Ornelas, que foi também secretário de Planejamento da Bahia em duas oportunidades, nas décadas de 1980 e 1990, palestrou na manhã desta quarta-feira (16) no Seminário Questões Contemporâneas, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social da Universidade Católica do Salvador (UCSal).
E também criticou o fato, durante a palestra realizada no auditório da Pós-Graduação no Campus da Federação, o fato de os governadores do Nordeste terem abandonado a ideia de desenvolvimento regional. “Tínhamos uma mística do desenvolvimento regional. O Conselho Deliberativo do Nordeste era centro de discussões dos governadores, mas, depois que secaram os incentivos fiscais, isso acabou”, criticou o ex-senador da República, que classificou a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste como um “cadáver insepulto”.
“Se juntarmos o Dnocs, a Sudene, a Codevasf e o Banco do Nordeste, não dá um. Servem apenas hoje para realizar acomodações políticas”, apontou Waldeck Ornelas, em palestra que contou com a presença do reitor da UCSal, padre Maurício Ferreira, da pró-reitora de Pós-Graduação, Silvana Carvalho e do coordenador da Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial, Sylvio Carlos Silva. Também compôs a mesa o professor de Economia da Unifacs, Fernando Cardoso Pedrão.
Panorama – O ex-senador e secretário de Planejamento fez também um balanço da evolução da Bahia no tocante do planejamento e do desenvolvimento territorial. Ele citou, por exemplo, a região cacaueira, que nas décadas de 1950 e 1960, cuja economia fazia mover o estado. Mas, falando nos dias atuais, mencionou que ainda é importante a criação de infraestrutura para alavancar o desenvolvimento econômico. “Mas o mais importante investimento é na educação”.
Waldeck Ornelas, dentre outros pontos, criticou a transposição do Rio São Francisco, que ele classificou como “mais um gasto perdulário da União. É um sistema que vai passar mais tempo sem uso que em uso por falta de água porque não se faz a revitalização”. Ele apontou que o principal providência não deve ser o tratamento do esgoto às margens do rio, mas o combate ao desmatamento que causa o assoreamento. “Há pontos em que se pode atravessar o rio a pé”, lamentou.