A quantidade de soja em grão embarcada para outros países, por exemplo, cresceu 51,3% no ano passado, mas a cotação média do produto caiu 25,3%, reduzindo receitas.
SEI , Salvador |
09/01/2016 às 20:06
Embarque aumentou mas alguns produtos tiveram queda em preços
Foto: CB
Apesar de o volume embarcado registrar um aumento de 8,3% em relação a 2014, as exportações baianas registraram seu valor mais baixo desde 2009, pressionadas pela redução de preços dos seus principais produtos de exportação. As receitas com as vendas externas alcançaram US$ 7,88 bilhões, o que representa uma redução de 15,3% em relação ao apurado no ano anterior. As informações foram analisadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento (Seplan).
Embora a desvalorização do real em quase 50% em 2015 tenha compensado parcialmente as empresas exportadoras e atuado para elevar o volume físico embarcado, a queda maior que a esperada nos preços internacionais de produtos como petróleo, soja, petroquímicos, minerais e celulose (que estão entre os itens mais exportados pelo estado) foi o principal fator que derrubou as vendas ao exterior. Em geral, as cotações atingiram os piores níveis desde a crise financeira de 2008, atingindo na média, uma queda de 22% em relação a 2014.
A quantidade de soja em grão embarcada para outros países, por exemplo, cresceu 51,3% no ano passado, mas a cotação média do produto caiu 25,3%, reduzindo receitas. Em alguns casos, como os derivados de petróleo, os preços caíram pela metade, recuando as exportações do segmento em mais de60%.
Concorreu também para o desempenho negativo das exportações em 2015, o baixo crescimento da economia mundial, o reequilíbrio chinês e adesaceleração econômica dos países emergentes, como a Argentina, que resultaram na queda de 33% nas vendas de produtos manufaturados, acossados pela queda de preços, perda de competitividade, aumento da concorrência, elevação de estoques e redução dos fluxos de comércio, que caíram no ano passado a níveis normalmente associados à recessão global.
Com exceção da China, para onde as vendas externas baianas cresceram 28,6% - o que manteve o país como principal destino para as exportações do estado -, todos os outros principais mercados registraram queda no ano: UE(-23%); EUA (-25%); Mercosul (-17,3%) e demais da América Latina (-29,5%).
IMPORTAÇÕES
Motivada principalmente pela queda da atividade econômica e seus reflexos no volume de produtos importados, mas também sob o efeito da alta do dólar, as importações baianas também registraram queda de 10,7% no ano, alcançando US$ 8,29 bilhões.
Todas as categorias de importados diretamente relacionadas ao desempenho da economia despencaram. A queda em relação a 2014, abrange bens de consumo (-34,6%), bens de capital (-19%) e matérias primas e intermediários usados pela indústria (-5,4%). Os combustíveis que mantiveram crescimento em quase todo o ano, por conta das compras em grandes volumes de GNL (Gás Natural Liquefeito), utilizado em larga escala pelas usinas térmicas em 2015, acabaram o ano também registrando redução de 1%.
Também nas compras externas, houve redução dos preços dos produtos, principalmente de nafta para a petroquímica, cobre, trigo, derivados de petróleo, grafita e borracha. O aumento do quantum importado em 27,3%, deve-se exclusivamente ao aumento das compras de combustíveis em 62,4% já que abstraindo esta categoria, o volume desembarcado também registra redução de 4% no período, evidenciando que o efeito preponderante sobre a redução do valor importado da pauta, exceto combustíveis, deveu-se à diminuição das quantidades importadas. Mais uma vez, o enfraquecimento da atividade doméstica e a depreciação cambial justificam os recuos do volume importado.
Como as importações registraram uma queda inferior à das exportações no ano, a balança comercial do estado registrou déficit de US$ 403,7 milhões, o que não acontecia desde 2001. A corrente de comércio exterior do estado (soma de exportações e importações) também registrou em 2015 recuo de 13% ante o ano anterior, totalizando US$ 16,2 bilhões.