Carlos, baiano, 35 anos, é funcionário público, tem conta corrente, cartão de crédito, cheque especial, financiamento de veículo, aplica no mercado financeiro, recebe seu salário em conta e não é cliente de banco. Assim como outras 217 milhões de pessoas ao redor do mundo (de acordo com o Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito), ele é associado a uma cooperativa de crédito, instituição financeira criada para prestar serviços para seus próprios associados, sem fins lucrativos e baseada em cooperação e solidariedade.

O cooperativismo de crédito está destinado a promover a poupança e financiar necessidades ou empreendimentos dos seus cooperados, que também são donos da instituição e participam da gestão e das principais decisões, através do seu voto em assembleias. A formação do capital das cooperativas se dá através de depósitos sistemáticos de pequenas quantias, feitos pelos associados. É esse capital que será disponibilizado para quem precisa de recursos, sob a forma de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito, limites de cheque especial, consignado, dentre outras modalidades. Além dos cooperados, muitas cooperativas de crédito oferecem crédito rural e linhas para capital de giro para pequenos negócios, com taxas habitualmente menores do que as dos bancos.

Na Bahia são cerca de 150 mil baianos fazendo parte de alguma cooperativa de crédito, de acordo com estimativas da OCEB (Organização e Sindicato das Cooperativas do Estado da Bahia), instituição de representação oficial das cooperativas no estado. Espalhadas por todas as regiões do estado, se destacam no Sertão e no Extremo Sul pelo impacto visível na economia local, através do microcrédito produtivo e da participação ativa dos cidadãos, de acordo com Ivo de Azevedo Brito, presidente do Sicoob Central BA, vinculada à maior central de cooperativas financeiras do país. Ao todo são 21 cooperativas de crédito registradas na OCEB, sendo 15 vinculadas ao Sicoob Central BA.

De acordo com os dados do Sicoob Central BA, o valor das aplicações das cooperativas associadas à instituição teve aumento de 30% em 2014 em relação a 2013, assim como a captação de recursos de poupança, que cresceu 32% no mesmo ano. “O Sicoob na Bahia apresenta um crescimento de 15% a 20% de associados na Bahia por ano. Estamos trabalhando para que a sociedade conheça mais e melhor o modelo do cooperativismo de crédito e quais benefícios ele pode trazer para as pessoas”, ressalta o presidente do Sicoob Central BA, Ivo de Azevedo Brito. 

 

A evolução do cooperativismo de crédito

 

De acordo com o Banco Central,sete milhões e meio de brasileiros participam de cooperativas de crédito (dados de dezembro de 2014). Entre 2006 e 2014, o volume total de ativos cresceu 590%, alcançando a cifra de R$ 143,6 bilhões. Um dos indicadores mais expressivos para o segmento financeiro cooperativo é o volume de operações de crédito. Foram R$ 67,4 bilhões em 2014, com crescimento anual de 6,3% e total - entre 2006 e 2014 – da ordem de 483%.