Em dia de forte alta, moeda americana sobe a R$ 3,95 e atinge maior valor desde 10 de outubro de 2002
ISTO É , SP |
18/09/2015 às 18:52
Dolar chega a R$3,95
Foto: ILS
O mercado financeiro operou nesta sexta-feira sob forte estresse, em especial durante a tarde, em meio a rumores de que o Brasil está próximo de ter novamente sua nota de crédito cortada por agências de risco e com a divulgação da arrecadação do governo em agosto – a pior para mês desde 2010. Esse cenário se traduziu na forte alta do dólar ante o real durante todo o dia. A moeda americana de balcão fechou em alta de 2,28%, aos R$ 3,9500. Este é o maior valor de fechamento para o dólar desde 10 de outubro de 2002, quando a moeda foi cotada a R$ 3,9900. Na mínima de hoje, às 9h57, marcou R$ 3,8690 (+0,18%) e, na máxima, às 16h29, marcou R$ 3,9520 (+2,33%). No mercado futuro, que encerra apenas às 18 horas, o dólar para outubro subia há pouco 1,33%, aos R$ 3,9705.
Pela manhã, investidores já corriam em busca de dólares no Brasil citando a percepção ruim sobre a economia e a política. Era um pouco do que se viu nos últimos meses. Só que as cotações aceleraram depois que a Receita gerou um ruído no mercado. Ao adiar a divulgação dos dados de arrecadação, de 10h30 para 15h30, o órgão fez o mercado especular que a mudança ocorria porque os dados seriam muito ruins. Oficialmente, a Receita alegou "problemas na elaboração do material" para adiar o anúncio.
À tarde, uma nova onda de busca por dólares surgiu após a divulgação de uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch (Bofa). O levantamento, feito com gestores internacionais que aplicam em países emergentes, mostrou que 90% deles acreditam que o Brasil perderá o grau de investimento de pelo menos duas agências de classificação de risco.
Como já perdeu o selo de bom pagador da Standard & Poor's (S&P), falta a Moody's ou a Fitch. Durante a tarde, investidores intensificaram a especulação neste sentido, com rumores de rebaixamento permeando várias mesas. Profissional ouvido pelo Broadcast disse que investidores estrangeiros conduziram as ações no mercado futuro de dólar - o mais líquido -, intensificando a compra de moedas na reta final do balcão. A proximidade do fim de semana realimentou a busca por dólares, com investidores avaliando que é melhor se manter posicionado na moeda americana.
Na renda fixa, estes mesmos fatores que impulsionaram o dólar atuaram para a dispara das taxas dos contratos futuros de juros, em um movimento intensificado por ordens de 'stop loss' e que resultou em uma forte inclinação positiva da curva a termo, o que mostra o grau de desconfiança em relação aos fundamentos do País. O DI para janeiro de 2016 fechou a sessão regular em 14,54%, ante 14,365% de ontem, enquanto o vencimento para janeiro de 2017 marcou 15,43%, ante 15,10%. O contrato para janeiro de 2021 indicou 15,73%, na máxima, ante 15,20%.
O adiamento do anúncio da arrecadação do governo em agosto, da manhã para a tarde de hoje, também criou ruídos e contribuiu para uma tensão no mercado, que se estendeu até a divulgação dos dados pela tarde. Em agosto, o governo arrecadou R$ 93,738 bilhões, uma queda real de 9,32% na comparação com o mesmo mês de 2014. Houve queda nominal de 0,68%. Foi o pior desempenho para meses de agosto desde 2010.
A Bovespa despencava 3,07% há pouco, em meio ao estresse nos mercados, aos 47.060 pontos.