Em 15 anos,aumentou em mais de 300% os registros no Crea-BA do sexo feminino nas áreas de
engenharia, agronomia e atividades tecnológicas
Chico Araújo , Salvador |
06/03/2015 às 11:53
iNEIVEA fARIAS
Foto: DIV
No Brasil, as mulheres já ocupam a maioria das vagas nas universidades públicas. O paradigma a ser quebrado ainda se encontra nos cursos da área tecnológica, mas essa barreira já está sendo superada. Cresce a cada ano o número de profissionais do gênero feminino em áreas antes de domínio masculino, a exemplo das engenharias.
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) atesta um crescimento de mais de 300% de registros de mulheres nas áreas de engenharia, agronomia e áreas tecnológicas, em 15 anos. Em 2000, o Conselho registrava 4.364 registros e hoje, o número de mulheres com Crea, na Bahia, chega a 15.329. Inclusive, é crescente a presença de mulheres no “chão de fábrica” e mesmo na área de construção civil, em atividades como mestre de obras e soldador.
A diretora da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, engenheira civil Tatiana Dumet, conta que nas últimas duas décadas, os cursos da área de engenharia mudaram de cara. “Comecei a ensinar em 1996 e na época tinha uma ou duas mulheres em cada turma. Hoje já supera mais de 20% e em alguns cursos como
o de Engenharia Sanitária e Ambiental e o equilíbrio é visível”. Ela, inclusive, é um exemplo do espaço que as mulheres conquistaram nas profissões técnicas, pois é a primeira mulher a dirigir a instituição centenária, tendo
sido escolhida em eleição direta.
Em alguns cursos, segundo Tatiana Dumet, o crescimento do número de mulheres ainda é tímido, como as áreas de Elétrica de Mecânica, mas cresceu bastante, principalmente na área de Civil. “Observamos que hoje a presença feminina é forte nas áreas de Qualidade e Projeto e cresce bastante em Segurança, atividades
onde é necessário ser mais detalhista, que é uma qualidade feminina”. Ela acredita que os paradigmas estão sendo quebrados, mas que ainda existe preconceito. “É também uma questão de postura, pois a diferença de gênero não
implica na competência profissional”.
Educação
De acordo com a superintendente de Estratégias e Gestão do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), engenheira de Produção Ineivea Farias, o momento do País coloca as mulheres em evidência – inclusive, o Brasil
tem hoje sua primeira presidenta, já no segundo mandato – com presença em todos os mercados de trabalho. “As mulheres estão ampliando sua participação em praticamente todas as profissões abrangidas pela área tecnológica. Hoje há 160.736 mulheres registradas junto ao Sistema. E a tendência é que nós continuemos ampliando a
nossa participação diante dos investimentos governamentais e ainda de uma melhor compreensão sobre as profissões”.
Ela acredita que há uma maior desmistificação em torno das atividades antes ocupadas majoritariamente pelo público masculino, com a diminuição do preconceito. “A gente percebe que há um conjunto de fatores, que inclui, claro, o próprio interesse das mulheres por novos mercados de trabalho, diante de um mundo em que as
informações são compartilhadas de maneira mais intensa”.