Economia

FMI alerta para risco do aumento do 'crédito sombra' no paralelo

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Agência Globo , RJ | 01/10/2014 às 19:28
O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu, nesta quarta-feira, sobre riscos da expansão do sistema bancário paralelo, também conhecido como "crédito sombra", pelo qual circulam bilhões de dólares e que pode ameaçar o equilíbrio da estabilidade financeira mundial.

Segundo o FMI, os atores deste mercado - fundos de investimentos e monetários, sociedades financeiras e seguradoras - atuam como bancos, emprestando recursos provenientes de investidores, embora sem se submeterem a qualquer tipo de regulação. Segundo cálculos do fundo, os recursos que circulam neste mercado estariam hoje em torno de US$ 70 bilhões por ano.

- É uma soma bastante expressiva - disse o chefe de Divisão de Análise Financeira Global do FMI, Gaston Gelos. - É muito importante que se entenda o que está passando, para que possamos mensurar os riscos.

Segundo o alerta do FMI, os Estados Unidos são o país como o maior grau de exposição (entre US$ 15 e US$ 25 bilhões), seguido da zona do euro (entre US$ 13,5 e 22,5 bilhões) e os países emergentes (US$ 7 bilhões). Entre estes, a banca paralela tem crescido sobretudo na China, onde os bancos enfrentam rígidos controles nas taxas de juros, levando os correntistas a buscar melhores rendimentos em bancos externos. O mesmo também vem ocorrendo nos países industrializados, onde o baixo nível da taxa de juros tem estimulado os investidores a procurar ativos de maior lucratividade.

O estudo do FMI observa, porém, que o crédito sombra tem um lado positivo, que é estimular a atividade financeira nas economias emergentes, onde o setor bancário tradicional está limitado por suas capacidades ou por obstáculos regulatórios. Ainda assim, o relatório observa que há riscos inerentes, como na possibilidade de os investidores sacarem os recursos simultaneamente, impedindo o reembolso imediato por parte dessas instituições. "Isto poderia levar a um cenário de compras e vendas similares ao ocorrido na crise global de 2008", observa o estudo.

O FMI recomenda uma cooperação internacional, para evitar que o fortalecimento das regras do Estado levem a um migração excessiva para esse mercado. Segundo Gelos, esse controle deve ser reavaliado continuamente, uma que o setor é muito dinâmico.