Infestação no Vale do São Francisco ameaça exportação de frutas e pode causar prejuízos de até R$ 1 bilhão
Ascom Seagri , Salvador |
11/08/2014 às 12:22
Preocupado com a infestação de moscas-das-frutas (Ceratitis capitata) no Vale do São Francisco, o secretário estadual da Agricultura, Jairo Carneiro, reuniu-se com o diretor executivo da Moscamed Brasil, Jair Fernandes Virginio, com o diretor geral da Agência de Defesa Agropecuária (Adab), vinculada à Seagri, Paulo Emílio Torres, e com o diretor do Instituto da Fruta do Vale do São Francisco (IFVSF), Ivan Pinto, e garantiu inicialmente o investimento de R$ 500 mil num plano emergencial que envolve controle químico e monitoramento.
Segundo informou Jair Virginio, o plano terá a participação do governo de Pernambuco, que também deverá injetar recursos financeiros. O objetivo do plano emergencial é redução populacional de moscas-das-frutas, em áreas de produtores de base familiar, dos perímetros irrigados do Vale do São Francisco através de um sistema de controle integrado.
“O problema é comum aos dois Estados e vamos buscar as alternativas para resolvê-lo”, disse o secretário. Ele informou ainda que a Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), também participa dos esforços e articula a liberação de recursos por parte do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA).
O superintendente de Agricultura Familiar da Seagri, Wilson Dias, também participou da reunião, destacando a importância das ações de monitoramente e controle da mosca-da-fruta nos perímetros irrigados, onde a maioria dos produtores é formada por agricultores familiares.
Com 45 mil hectares, 17 mil dos quais cultivados por 2.800 agricultores familiares, o Vale do São Francisco é responsável por 98% das exportações de uva e 92% das exportações de manga do país, além de manter mais de 240 mil empregos diretos.
A fruticultura é a principal atividade econômica da região e se a praga não for combatida, o resultado será a depreciação do produto, o aumento dos custos da produção, a perda de milhares de empregos diretos e dos mercados interno e externo.
O projeto emergencial denominado “Por um Vale sem moscas-das-frutas” terá duração de dois anos e entre as propostas sugeridas estão a garantia aos pequenos produtores do acesso às novas tecnologias e assistência técnica adequada à pequena propriedade, e o desenvolvimento de um trabalho educativo sanitário.
O diretor executivo da Moscamed, Jair Virgínio explicou que “além de dar apoio aos produtores de pequeno, médio e grande porte na luta contra a praga das moscas-das-frutas, junto às autoridades públicas e privadas, a Moscamed disponibilizará, como um dos métodos de controle da praga, a técnica do inseto estéril, e também orientará os produtores na aplicação das medidas de controle adequadas”.
Moscas-das-frutas
A Ceratitis capitata foi detectada no Brasil em 1901 e, desde então, se expandiu por todos os estados. É uma praga primária, e o efeito ocorre quando as fêmeas depositam os ovos nos frutos, permitindo a entrada de organismos oportunistas que estragam o pomar, como fungos e pequenos besouros. Podem infectar até 300 espécies de vegetais inclusive as culturas de manga, uva, goiaba e acerola.
Além das perdas diretas no campo e do aumento no custo de produção, a praga é considerada quarentenária, ou seja, está presente em outros países ou regiões e mesmo sob controle permanente, constitui ameaça a economia agrícola do país ou região importadora.