"No período da Copa, houve uma redução drástica do consumo", diz Ministro.
G1/SECOM , bsb E Salvador |
17/07/2014 às 19:53
A economia brasileira gerou 25.363 empregos com carteira assinada no mês de junho, informou o Ministério do Trabalho nesta quinta-feira (17), com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Isso representa uma queda de 79,5% frente ao mesmo mês do ano passado, quando foram abertas 123.836 vagas formais.
Este foi o pior resultado para meses de junho desde 1998, quando foram abertas 18.097 empregos com carteira assinada, de acordo com o Ministério do Trabalho, que começou a divulgar dados do tipo em 1992.
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, informou que esperava um resultado melhor do emprego formal em junho. "O grande fato causador da diminuição foi a indústria. Em todos os setores da indústria, houve decréscimo. Mas mês que vem já começam as contratações visando o Dia dos Pais e também o fim do ano [Natal]", declarou.
Em sua visão, o juro alto, fixado em 11% ao ano pelo Banco Central, embora combata a inflação, não é bom para o ritmo de atividade econômica. Com taxas maiores, a instituição busca reduzir o crédito disponível e, assim, o dinheiro em circulação. Assim, diminui a quantidade de pessoas e empresas dispostas a consumir bens e serviços, e os preços tendem a cair ou parar de subir.
Além disso, segundo o ministro, a Copa do Mundo impactou negativamente as vendas do comércio. "No período da Copa, houve uma redução drástica do consumo. No dia em que houve jogos, os shoppings ficaram abertos até 16h e depois ninguém foi lá", disse.
O economista da Gradual Investimentos, André Perfeito, avaliou que o resultado da criação de empregos formais de junho foi "desastroso", uma vez que o mercado financeiro esperava a abertura de pelo menos 53 mil vagas com carteira assinada. "Mas o resultado foi de medíocres 25 mil", avaliou. Segundo ele, isso "evidencia um processo de acomodação no mercado de trabalho que é desejado para acomodar a inflação de serviços".
588 mil vagas no semestre
De janeiro a junho deste ano, foram criados 588.671 empregos formais, com queda de 28,7% frente ao mesmo período do ano passado, que registrou 826.168 vagas.
Também é o pior resultado para o primeiro semestre desde 2009, quando o país ainda enfrentava os efeitos da crise financeira internacional. Nos seis primeiros meses daquele ano, as empresas contrataram 397.936 trabalhadores.
Nova previsão de vagas
Por conta do fraco resultado do semestre, o ministro do Trabalho revisou para baixo sua previsão de abertura de vagas com carteira assinada em todo este ano. Até o momento, ele vinha estimando a criação de 1,4 milhão a 1,5 milhão de vagas em 2014, valor que agora está em cerca de 1 milhão de vagas.
Os números de criação de empregos formais do acumulado de 2014, e de igual período dos últimos anos, foram ajustados para incorporar as informações enviadas pelas empresas fora do prazo (até o mês de maio). Os dados de junho ainda são considerados sem revisão.
Setores da economia
Segundo o Ministério do Trabalho, o setor de serviços liderou a criação de empregos formais nos seis primeiros meses deste ano, com 386.036 postos abertos, contra 361.180 no mesmo período do ano passado. O setor inclui trabalhadores como médicos, vendedores de lojas, manicures, corretores de imóveis, garçons e motoristas.
Setor de serviços lidera contratações no 1° semestre
A indústria de transformação, como as refinarias de petróleo, foi responsável pela contratação de 44.146 trabalhadores com carteira assinada no mesmo período. De janeiro a junho do ano passado, a indústria abriu 186.815 vagas. O resultado do primeiro semestre deste ano foi o pior desde 2009 (demissão de 140 mil trabalhadores pelo setor).
A construção civil, por sua vez, registrou a abertura 73.343 trabalhadores com carteira assinada de janeiro a junho deste ano, contra 133.436 vagas no mesmo período de 2013. Já o setor agrícola gerou 110.840 empregos nos seis primeiros meses deste ano, contra a abertura de 115.745 vagas no mesmo período de 2013.
O comércio fechou 58.096 vagas formais de janeiro a junho deste ano, contra 13.693 vagas fechadas nos seis primeiros meses de 2013.
Regiões do país
Segundo números oficiais, o emprego formal cresceu em quatro das cinco regiões do país no primeiro semestre deste ano. No período, a Região Sudeste abriu 330.009 empregos com carteira assinada e a Região Sul, 177.251.
A Região Centro-Oeste foi responsável pela abertura de 90.319 postos formais de emprego de janeiro a junho deste ano, enquanto que a Região Norte teve a abertura de 15.534 postos de trabalho com carteira assinada. A Região Nordeste, por sua vez, registrou o fechamento de 24.442 empregos com carteira nos seis primeiros meses deste ano.
NA BAHIA AFUNDA
Ainda segundo dados do Caged, em junho 2014 foram eliminados, na Bahia, 2.564 empregos celetistas, o equivalente à diminuição de 0,14% em relação ao estoque de assalariados com carteira assinada do mês anterior.
Tal resultado decorreu, principalmente, da queda do emprego nos setores de Construção Civil (-3.204 postos), cujo saldo negativo superou o aumento da Agropecuária (+1.162 postos).