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Secti , Caldeirão Grande |
15/07/2014 às 19:14
“Minha vida é andar por este país, pra ver se um dia descanso feliz. Guardando as recordações das terras onde passei, andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei...”. Os versos da música de Luiz Gonzaga traduzem uma triste realidade ainda vivenciada por muitos nordestinos que migram da sua terra natal em busca de melhores condições de vida. Na tentativa de mudar este cenário, municípios como Caldeirão Grande, situado no semiárido baiano, tem recebido apoio através do projeto TECSOL, que ajuda famílias na busca pelo sustento.
Através da Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o projeto TECSOL busca fortalecer as cadeias produtivas do licuri, em Caldeirão Grande, com reciclagem na região Metropolitana de Salvador. O licuri é a principal fonte de subsistência da cidade de Caldeirão Grande. Nele, são encontradas substâncias como: cálcio, magnésio, cobre, zinco, ferro, manganês e selênio.
Segundo a secretária da Secti, Andrea Mendonça, o projeto Tecsol está voltado para o fortalecimento de uma cadeia produtiva do semiárido. “O nosso objetivo é a produção e disseminação de conhecimentos voltados à agricultura familiar, principal atividade econômica da região, com a utilização de instrumentos tecnológicos e de tecnologias sociais provenientes da economia solidária”, explicou.
O projeto também contempla a implantação de 30 Centros de Cidadania Rural (CDCR), que já estão funcionando nos municípios baianos, e da Cooperativa dos Produtores e Beneficiadores do Licuri do Município de Caldeirão Grande/BA (Cooperlic). “Aqui o trabalho está dando certo, pois através da cooperativa, as famílias estão complementando sua renda. Antes, elas passavam dificuldade, mas depois que começaram a trabalhar com a cooperativa os produtos foram valorizados. Isso ajuda nossa comunidade a sair do sofrimento do trabalho pesado”, disse João Domingos Pereira, diretor de produção da Cooperlic.
Na cooperativa foram adquiridos diversos equipamentos que compõem a infraestrutura necessária para o aproveitamento total do licuri, onde as 36 famílias cooperadas trabalham produzindo artesanato e alimentos. Com a palha é possível produzir esteiras, vassouras, peneiras, bolsas, chapéus, etc. Com a amêndoa do licuri dá para fazer doce, barra de cereal, paçoca, licor, leite de licuri que pode se utilizado no arroz, peixe e outros. Também estão desenvolvidas pesquisas para o uso do licuri em cosméticos, óleos e na alimentação animal.
Responsável por realizar oficinas e auxiliar os agricultores na participação em feiras de economia solidária, o Instituto Federal da Bahia (IFBA), através da engenheira química Djane Santiago, realiza visitas regulares em Caldeirão Grande. “Cada passo dado pelo projeto é uma troca de saberes. É muito gratificante ver estas pessoas gerando produtos e os comercializando, tendo uma fonte de renda. Fazemos um trabalho de sensibilização com os cooperados, acompanhando a confecção dos produtos sempre atentos à segurança alimentar. Existe uma transformação, principalmente para as mulheres, que antes tinham vergonha de quebrar licuri”, disse.