VIDE
PARAIBA.COM , PARAIBA |
04/06/2014 às 07:28
A Cooperativa dos Produtores Nordestinos da Agricultura Familiar (CPNAF), que reúne 32 assentamentos de oito municípios paraibanos, inaugurou, no último sábado (31), o Centro de Comércio da Agricultura Familiar (CCAF), no assentamento Canudos, em Cruz do Espírito Santo, a 23 quilômetros de João Pessoa. Localizado às margens da BR 230, que liga a capital paraibana a Campina Grande – segundo maior município da Paraíba –, o novo espaço de comercialização vai funcionar diariamente, das 6 às 18 horas, e possui 700 metros quadrados, banheiros e estacionamento. A região, no Território da Cidadania Zona da Mata Norte, é a que mais reúne assentamentos da reforma agrária na Paraíba.
Participaram da solenidade de inauguração, realizada às 16 horas, o chefe da administração do Incra/PB, José Antônio Queiroz, o secretário estadual de desenvolvimento da agropecuária e da pesca, Agamenon Vieira da Silva, o coordenador geral do Projeto Cooperar, Roberto Vital, e o secretário-executivo do Empreender-PB, Eduardo Moraes – ambos do Governo do Estado.
Diariamente, os visitantes podem encontrar nos 30 boxes frutas, legumes, hortaliças, carne de galinha, de bode e de peixe, mel de abelha, flores, queijo, bolos, doces, tapioca, comidas típicas (pamonha e canjica), caldo de cana, água de coco e sucos. Além de peças de artesanato, como panos de prato, também serão comercializados pífanos (uma pequena flauta transversal, aguda, similar a um flautim, mas com um timbre mais intenso e estridente), fabricados por agricultores do Assentamento Canudos.
O presidente da CPNAF, Deneh Carter Pereira da Silva, explicou que a ideia de aproveitar uma área do Assentamento Canudos para a construção de um centro de comercialização só virou realidade com as parcerias com o Governo da Paraíba através do Projeto Cooperar, com recursos de R$ 66 mil, e do Empreender-PB, que liberou R$ 40 mil para atender, inicialmente, 20 famílias assentadas que comercializam no CCAF com R$ 2 mil cada uma. O crédito servirá para melhorias nos lotes dos assentados para aumentar e garantir a produção de alimentos em todas as épocas do ano.
Jailton José da Silva, 27 anos, e Paulo Germano Felipe, 37, do Assentamento Novo Taipu, em São Miguel do Taipu, a cerca de 55 quilômetros de João Pessoa, levaram macaxeira, couve, berinjela, coentro, quiabo e maxixe para a barraca – uma das quatro ocupadas pelas famílias do assentamento. "Acredito que vamos vender muito e melhorar nossa renda. Antes a gente não tinha a quem vender", disse Jailton José.
"Hoje tenho onde vender e a preço justo. Não preciso mais de atravessador", afirmou Paulo Germano. O assentado também vende sua produção na Feira de Alimentos Orgânicos, que acontece no início da manhã dos sábados no estacionamento do Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (Dnocs), em João Pessoa. Segundo ele, sua vida mudou 100% depois que o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da Paraíba (Sebrae-PB) deu um curso de produção orgânica às 60 famílias do assentamento, há dois anos.
"Sou assentado há 16 anos e sempre disse que o entrave da agricultura familiar é a comercialização", afirmou Manuel Guilhermino, também do Assentamento Novo Taipu, responsável pelo caldo de cana feito na hora.
Para a arquiteta Cátia Avelar, que seguia, a trabalho, de Recife (PE), onde mora, para Campina Grande, o centro de comercialização foi uma ótima surpresa. "Quando passamos vi na faixa que era da agricultura familiar. Então, resolvemos dar marcha à ré e parar para lanchar e fazer compras", disse, ao lado da máquina de moer cana-de-açúcar, mostrando a sacola com quiabo, berinjela e milho verde.
Estrutura
A estrutura do Centro de Comércio da Agricultura Familiar ainda está sendo finalizada. Estão em fase de conclusão as obras de dois banheiros, de três boxes para açougue e de uma lanchonete, que oferecerá sucos feitos na hora, lanches e comidas típicas.
"Queremos dobrar a área dos boxes e procurar outros assentamentos para fortalecer a cooperativa e o centro de comercialização", afirmou, Deneh da Silva, acrescentando que a inauguração do espaço é a realização do sonho de dar oportunidade aos assentados que produziam mas não tinham onde vender sua produção.