Economia

COOPERESO trabalha na recolocação de ex-detentos no mercado trabalho

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Adriene Silva , Sorocaba | 19/01/2014 às 09:49
Trabalho realizado pelo pessoal da Coopereso
Foto: DIV
Fundada em 2004, a Coopereso (Cooperativa de Egressos e Familiares de Egressos de Sorocaba) iniciou efetivamente os trabalhos em fevereiro de 2008. O objetivo é fechar parcerias para que os ex-detentos encontrem um trabalho digno e  consigam voltar ao mercado de trabalho e se inserir na sociedade.  

O que o egresso encontra quando sai do sistema penitenciário? 

O preconceito. Ele é muito grande e sempre irá existir. Avalio que o sistema prisional cria animais, as cadeias são medievais e quando eles saem, precisam de uma oportunidade de serem inseridos. 

Como a Coopereso recebe estes egressos? 

Eles saem apenas com o número da matrícula da penitenciária e nada mais, mas são orientados a nos procurar. Recebo os que vêm com este encaminhamento da Caef [Central de Atendimento ao Egresso e Familiares]. Eles estão com extrema vulnerabilidade emocional e hostis com o mundo. Fazemos a documentação, um curso preparatório, fornecemos as roupas e encaminhamos para o trabalho. 

Sorocaba recebe bem esses egressos? 

Sorocaba é uma cidade preconceituosa. Eu não apoio coisa errada, deixo isso bem claro. O triste é que já tivemos problemas com muitas pessoas que não entendem o que eles estão fazendo, o que estão tentando conquistar. Quem acredita neste trabalho são os cooperados. 

O que te faz continuar? 

Eu amo isso aqui, não sei fazer outra coisa. Ainda quero dar o caminho das pedras e ajudar as pessoas, então continuo.  

Alguns egressos optam por seguir na criminalidade 

Homem de 27 anos detido pela Guarda Civil Municipal, recentemente, veio de São Paulo para vender drogas em Sorocaba; não quer trabalhar. 

Na  semana passada, Alexandre Teodoro da Silva, 27 anos, foi flagrado  por guardas civis municipais da Romu com drogas na avenida Itavuvu, zona norte de Sorocaba. 

Na ocasião, ele contou que deixou o sistema penitenciário em janeiro deste ano após ter passado quase quatro anos atrás das grades, também pelo envolvimento com o tráfico. 

Alexandre deixou a capital paulista e se mudou para Sorocaba, pois o alto índice de prisões por tráfico lhe chamou a atenção. “Estou no mundo do crime desde adolescente. Não tenho estudo nenhum. Estou queimado [devendo] em São Paulo e sei que aqui ninguém me conhece”, explica, acrescentando  que, em Sorocaba, muitos gerentes do tráfico querem dar oportunidade para pessoas interessadas. “Com as prisões, abre vaga o tempo todo”, garante. 

Mesmo tendo a chance de integrar uma cooperativa, como a Coopereso, ele diz preferir ser funcionário do crime. “Se eu for trabalhar mesmo, ganho só R$ 50 para trabalhar nove horas. Trabalhando para o tráfico, ganho muito mais que isso e trabalho muito menos”, justifica. 

E este é um dos fatores que faz muitos egressos voltarem ao crime. “O dinheiro mais rápido faz a gente pensar”, complementa Alexandre. 

Quando perguntado sobre a sua família, ele diz que todos sabem. “Claro que fingem não saber, mas compro muitas coisas e não tenho emprego, então eles sabem sim, mas não falam sobre isso.” 

Alexandre foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória de Aparecidinha e nem assim  pretende mudar de vida. “Ainda tem muita oportunidade para quem quer vender drogas”, finaliza.