Mais de 250 pessoas registraram queixa na delegacia de Barreiras, na região oeste do estado contra os donos da rede de lojas Eletrovarão, que vendia consórcio de motos. As queixas estão sendo registradas desde a quarta-feira (30) e nesta quinta-feira (31).

Os clientes reclamam que não conseguem receber os prêmios nem o dinheiro de volta. Tem clientes que investiu até R$ 100 mil.

Segundo um funcionário da empresa o consórcio funcionava assim eram formados grupos com 48 pessoas, cada uma pagava entre cerca de R$ 150 e R$ 295 e por mês uma pessoa era sorteada uma pessoa.

O premiado recebia a moto e não precisava mais pagar a mensalidade. Em um panfleto da empresa o anuncio diz que o produto vendido não é consórcio nem financiamento. Os donos da empresa não foram encontrados, em Barreiras, para falar do fechamento da empresa.

O delegado da cidade de Barreiras disse que já ouviu mais de 100 pessoas sobre a empresa de consórcio de motos que pediu falência, fechou e não deu satisfação aos clientes que tinham pago as prestações e iriam ser contemplados.

Para a polícia, os donos da lojas fugiram. "Chegaram notícias de que há tempos transferiram filhos de escolas [os proprietários], venderam o patrimônio que tinham aqui. Ficando provado no inquérito policial, logicamente iremos tomar as medidas judiciais cabíveis", disse o delegado Joaquim Rodrigues.

A advogada da empresa, Wyllyanny dos Santos, afirmou que o pedido de falência foi protocolado. "A ordem de prioridade, neste caso, é que seja resolvida, primeiro, a situação dos funcionários. Nós vamos liquidar os débitos das pessoas que estão com quitações", afirmou.

SAIBA MAIS

Empresa de consórcio de moto fecha e clientes cobram entrega de produtos

A rede tinha lojas nas cidades de Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Teixeira de Freitas, Wanderley, Cotegipe, Baianópolis, Serra Dourada, Santa Maria da Vitória, Irecê, Porto Seguro e Eunápolis. Ninguém atendeu aos telefonemas em nenhuma das lojas na Bahia. Em Eunápolis, extremo sul, um cartaz na porta avisava que o fechamento era para balanço.

O ex-gerente da loja de Barreiras, José Carlos Santos, disse que a Eletrovarão tinha 16 mil clientes nas 11 lojas que funcionavam baianas. Segundo ele, seis mil estariam com pagamento em dia e 10 mil seriam inadimplentes.

Clientes

Mais de 100 clientes da empresa se reuniram em frente a sede da loja, no centro da cidade, para cobrar a entrega de motos, nos últimos dias. “Me informaram que eu deveria vir aqui depois do sorteio e nós íamos negociar. Eu ia pegar o dinheiro ou a moto, inclusive liguei na segunda-feira (28) e mandaram e eu vir hoje, munido de documentos para fazer a retirada da mesma. Não temos nada de concreto, mas temos vários boatos na cidade de que eles iam fechar, iam falir e dar o golpe”, disse o motorista José Alvim Lopes.

“Eu vim de Pernambuco para pegar uma moto já quitada e quando eu cheguei aqui encontrei essa surpresa, as portas fechadas e que eu saiba, quando se faz balanço de loja, tem que ter alguém dentro para atender os clientes, dar algumas informações”, explicou o caminhoneiro, José Hildo da Silva.

Antônio de Freitas recebeu um cheque referente a uma moto, mas ao depositar teve uma surpresa. “O cheque estava sem fundo, foi o que a moça me disse e me devolveu. Eu vim aqui hoje e tudo estava fechado. Infelizmente eu vou ter que colocar na Justiça, porque estou sendo lesado”.

A proprietária do prédio onde funciona a loja também estranhou o fechamento do estabelecimento. “Com a gente eles não conversaram, ninguém falou nada. Eu estou aguardando até agora e todos os telefones estão na caixa postal, ninguém atende. Eu tenho uma moto a receber também”, disse Elvira Dantas, dona do prédio.

Advogados

Os advogados da empresa ELETROVARÃO estiveram no início da noite de ontem, quarta-feira, 30, na delegacia de polícia de Luís Eduardo Magalhães, onde se reuniram com o delegado Rivaldo Luz. Dr. Manasses, um dos advogados da empresa, informou que a ELETROVARÃO irá honrar com todos os seus compromissos. “A empresa irá cumprir com todos os seus compromissos, tanto com os funcionários quanto para os seus clientes”.

O advogado contou ainda que a empresa pagará primeiramente os funcionários, depois os clientes que tenham quitado os seus carnês, ou estejam contemplados. Na sequencia virão os clientes que estavam em dia com suas parcelas e por último os clientes que estavam com parcela em aberto.

“Quem tiver contrato com a ELETROVARÃO não vai deixar de receber”, concluiu o advogado.

A empresa estará ainda disponibilizando um escritório no centro de Barreiras para atender a todos os clientes e credores.