Diretor da Organização Internacional do Açúcar, Peter Baron, considera que quantidade perdida pode até dar alívio ao mercado
Agricultura rural , SP |
21/10/2013 às 18:49
Os mercados globais de açúcar devem ser capazes de trabalhar com uma possível perda de parte da capacidade da Copersucar, após o incêndio que danificou o terminal de carregamento da exportadora brasileira no Porto de Santos (SP) na última sexta, dia 18. A expectativa foi apresentada pelo diretor executivo da Organização Internacional do Açúcar (OIA), Peter Baron, nesta segunda, dia 21.
– Eu não acho que será um golpe tremendo porque estamos em um mercado com excedente, pode até dar algum alívio ao mercado dependendo da quantidade [perdida] –disse Baron, acrescentando não saber a extensão total do dano no terminal.
– Obviamente quando algo ocorre em Santos é um fator grave – enfatizou.
A Copersucar, maior exportadora de açúcar e etanol do Brasil, disse que as chamas atingiram 180 mil toneladas de açúcar bruto. Os preços do demerara em Nova York subiram para 20,16 cents/lb, máxima intraday em quase um ano, depois da notícia do incêndio. Em nota divulgada na sexta, a Copersucar informou que a companhia está desenvolvendo um plano de contingência para suas operações, "buscando minimizar os impactos do incidente", sem detalhar qualquer alteração nos prazos de entrega. Antes da divulgação do comunicado, a empresa havia dito que era muito cedo para dizer se conseguiria cumprir seus compromissos de entrega.
A OIA espera um superávit de cerca de 4,5 milhões de toneladas para a safra global 2013/2014, destacou Baron. A produção de açúcar no mundo em 2013/2014 deve totalizar 180 milhões de toneladas, enquanto a demanda global deve somar pouco mais de 175 milhões de toneladas. Segundo ele, é possível que a oferta e a demanda se equilibrem na temporada seguinte.
– Há indícios de que será desse jeito – afirmou Baron. Segundo ele, a OIA não vê grandes questões que possam colocar essa expectativa em risco.
As exportações da Tailândia devem alcançar um recorde de 8 milhões de toneladas este ano. Já a Índia deve vender ao exterior de 2,5 milhões a 3 milhões de toneladas. Uma perspectiva de alta para o mercado de açúcar é a crescente demanda na China, conforme Baron. O país já é um grande importador e, com o consumo aumentando, provavelmente importará até 6 milhões de toneladas de açúcar por ano até 2020, apontou Baron.
Datagro avalia destruição de terminal açucareiro como tragédia
O presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, classificou como tragédia o incêndio que destruiu parcialmente o terminal açucareiro da Copersucar do Porto de Santos. Ele lembrou que o terminal é o maior do mundo, com capacidade de exportação de 10 mil toneladas de açúcar por ano. O comentário do executivo ocorreu na abertura da 13ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, que se inicia nesta segunda, 21, e vai até terça, 22, em São Paulo.
Nastari disse ainda que o setor sucroenergético precisa de um choque de confiança, depois de quatro anos de dificuldades com cenário adverso e clima desfavorável. Para ele, o etanol de segunda geração é "uma grande oportunidade".