Portuários não admitem a nova regulamentação dos portos e a Força Sindical e outras associações e sindicatos protestam
Uol e agências , SP e Salvador |
22/02/2013 às 13:17
Greve é contra MP 595 que regulamenta e incentiva iniciativas privadas nos portos
Foto: Uol
Mesmo com uma liminar impedindo a greve, os trabalhadores portuários pararam as operação de portos no país na manhã desta sexta-feira (22). Santos e Paranaguá, os dois principais portos para embarques de commodities agrícolas do Brasil, sentiam os efeitos da greve. Cerca de 30 mil trabalhadores participam das manifestações, segundo sindicatos.
O movimento nacioal é um protesto contra Medida Provisória 595, que muda regulamentações e incentiva investimentos privados no setor, disseram representantes de sindicatos. No início da semana, portuários invadiram um navio chinês em Santos (a 72 km de São Paulo).
Os trabalhadores portuários cancelaram a paralisação prevista para a terça-feira (26), disse nesta sexta-feira (22) o ministro-chefe da Secretaria dos Portos, José Leônidas Cristino, após se reunir com sindicalistas em Brasília.
Em Santos, dos 20 navios que deveriam estar operando, apenas duas embarcações (de granel líquido, que operam por bombeamento) conseguiam descarregar normalmente, segundo a autoridade portuária.
A paralisação também ocorre no porto de Vitória (ES). Segundo o vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos, na Pesca e nos Portos (Conttmaf), José Adilson Pereira, apenas no porto capixaba pararam 1.700 trabalhadores do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), o que teria afetado o trabalho dos outros 10 mil trabalhadores do porto público e dos terminais privados.
Seis portos gaúchos amanheceram paralisados. Segundo o sindicato da categoria, metade dos portuários do RS cruzaram os braços. Os portos de Rio Grande, Porto Alegre, Pelotas, Triunfo, Cachoeira do Sul e Estrela estão com as atividades interrompidas.
Os estivadores, que representam a maior categoria de trabalhadores do porto, não entraram nos navios. Quase todas as operações de carga e descarga de mercadorias dependem do trabalho destes profissionais, que permaneceram nos postos de escalação.
Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), um terminal privado de grãos de Santos que tentou operar nesta manhã foi obrigado a paralisar os trabalhos, devido a um tumulto.
Os navios que precisam entrar ou sair do complexo portuário, só poderão realizar as movimentações no período da tarde. Nesta manhã, cerca de 30 embarcações estão atracadas no porto de Santos a espera de uma decisão.
A paralisação de trabalhadores portuários interrompeu também os carregamentos de açúcar no terminal da Copersucar, a maior comercializadora da commodity do Brasil, o principal exportador global do produto, segundo dois jornalistas da Reuters no local.
SALVADOR
Os trabalhadores do Porto de Salvador paralisaram as atividades na manhã desta sexta-feira, 22. A ação faz parte de um movimento nacional contra o novo regulamento do setor portuário, criado com a Medida Provisória 595/12, que deve ser votada na Câmara de Deputados, em Brasília.
O presidente do Sindicato Unificado dos Trabalhadores nos Serviços Portuários do Estado da Bahia (Suport-BA), Ulisses Oliveira Filho, explica que a mudança ameaça o emprego dos profissionais do setor no serviço público. "Este é um movimento nacional de advertência para que os deputados modifiquem a medida. Em Salvador, a adesão é de praticamente 100% da categoria", afirma o sindicalista.
A paralisação foi aprovada na última terça-feira, 19, durante uma reunião entre dirigentes sindicais da Federação Nacional dos Portuários (FNP), Federação Nacional dos Estivadores (FNE) e Federação Nacional dos Avulsos (Fenccovib).