Uma atitude de desenvolvimento por parte da Infraero, esta foi a principal reivindicação feita pelos lojistas ao secretário da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, durante sua visita nesta segunda-feira (01), ao Aeroporto Internacional de Salvador - Deputado Luís Eduardo Magalhães, a convite da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador).
O secretário foi conhecer de perto a realidade dos comerciantes do Aeroshopping com os altos aluguéis dos espaços. A situação crítica vem ocorrendo desde 2010, com o novo modelo de licitação da Infraero, que passou a acontecer a cada 5 anos, com pregão presencial.
Estiveram presentes no local, além do secretário, representantes da CDL, Geraldo Cordeiro de Jesus (vice-presidente) e Carlos Roberto Oliveira (superintende) e os diretos da SICM, Marcos Costa (Serviços) e Ângelo Oliva (Desenvolvimento Empresarial).
Os lojistas pedem uma solução imediata da Infraero. Com a proximidade da Copas das Confederações, do Mundo e das Olimpíadas, eles sugerem que os contratos sejam prorrogados até 2016, através do TAC (Termo de Ajuste e Conduta), a preços de mercado. E como solução definitiva, que o aeroporto passe pela privatização.
"O governo da Bahia vai avaliar as possibilidades para ajudar os lojistas nesta causa e defender os interesses públicos. Os consumidores são os maiores prejudicados", afirma o secretário que lamenta tantas lojas fechadas no local. "Não podemos admitir que o portão de entrada da cidade fique desse jeito", completou.
Das 100 lojas que fazem parte do Aeroshopping, 34 estão desocupadas. 30 no saguão e 4 na parte interna do desembarque. De acordo com Japéramos Gomes, dono da Gradual Turismo e Câmbio, o andar panorâmico que fica no último piso do aeroporto, nunca foi ocupado por loja alguma. "Infelizmente este espaço só serve para que funcionários façam do local área de descanso", diz.
ALTOS ALUGUÉIS
Os altos preços cobrados dos lojistas atingem diretamente os consumidores com a alta dos preços dos produtos, lojas fechadas, falta de produtos e serviços. "Os lojistas estão totalmente desestimulados, não investem mais nas lojas e o aeroporto que é a entrada internacional da Bahia está ficando igual a uma rodoviária de interior", desabafa Gomes.
Segundo os lojistas, o restaurante Paraguaçu, único de comida internacional do aeroporto, foi fechado na quinta-feira passada (27/09). Outro que também fechou as portas foi o Montana Grill, agora, as opções de alimentação limitam-se aos fast foods da praça de alimentação.
"A Art Elza, uma das lojas mais tradicionais de artesanato que tínhamos aqui há mais de 30 anos, fechou em agosto 2011 e até hoje não houve uma nova licitação", lamenta Gomes.
A Tio Sam, maior e mais tradicional distribuidora de bebidas e alimentos da Bahia, do grupo Serrana, o mesmo do Hiperideal, encerrou suas atividades em 2010, onde operavam há 10 anos. "No lugar até hoje nada foi aberto, a notícia que temos é que o último licitador pagou R$ 25,5 mil e até hoje não implantou nada", afirma Augusto Carvalho, lojista da Livraria Aeroporto há 25 anos.
Desemprego - E por falar em livraria, os consumidores estão ameaçados de muito em breve não ter mais onde adquirir livros e revistas, a Livraria Aeroporto que foi inaugurada em 1952 e há 25 anos está sob o comando de Augusto Carvalho pode fechar a qualquer momento.
O contrato do estabelecimento venceu no último dia 31 de agosto e apesar de estar movendo uma ação renovatória na justiça, pode ser despejada a qualquer momento pela Infraero.
"O estabelecimento já foi considerado pela própria Infraero, a melhor livraria de aeroportos do Brasil. Hoje, estamos ameaçados de despejo. Antes eu trabalhava com 8 mil títulos, agora só tenho a metade. Reduzi também o número de funcionários para 10, há um ano eram 20", afirma o lojista.
A farmácia Santana encontra-se na mesma situação, seu contrato também está vencido e um novo licitante ganhou o direito de ocupar o espaço por R$ 32,2 mil por mês. Se o consumidor tiver uma dor de cabeça e precisar de um dorflex, vai sentir o baque no bolso também, uma caixa com 30 comprimidos é 16% mais caro que na mesma rede no Shopping Paralela.
Augusto Carvalho lembra que com o fechamento das lojas, além do desemprego, será gerado um grande transtorno no local porque o novo licitante vai levar no mínimo dois meses para abrir o novo estabelecimento.
Reajuste salgado
" A rede Bobs teve um reajuste exorbitante no valor do mínimo garantido (aluguel), que saiu de R$ 30 mil para R$ 192 mil desde julho de 2010. Mas o reajuste não afetou somente o bolso dos lojistas, exemplo disso é o valor do estacionamento considerado com preço abusivo pelos lojistas. O local explorado pela Well Park cobra pela primeira hora R$ 6,00. "Antes quem vinha até o aeroporto de carro pagava R$ 4,00 pelo período de 3 horas", diz Carlos Varela, lojista da Axé Artesanato há 28 anos.