A geração de empregos formais no país voltou a recuar em agosto, mostram dados do Ministério do Trabalho e Emprego divulgados nesta quinta-feira (20).
Foram criadas 100.938 vagas com carteira assinada no mês passado, queda de 47% em relação ao mesmo mês de 2011 (190.446).
Foi o pior agosto em criação de vagas formais desde 2003, quando a economia gerou 80 mil postos.
Em julho, a geração de novos postos de trabalho tinha apresentado pequena alta na comparação anual, de 1,37%, sinalizando um possível movimento de aceleração do mercado formal --o que não se confirmou com o dado de agosto.
O resultado do mês passado ficou bem abaixo do esperado pelo mercado, que previa, em média, geração de 192,5 mil postos com carteira de trabalho, segundo levantamento da agência Bloomberg.
Cálculo da consultoria LCA, que exclui os efeitos sazonais dos dados do Caged, estima que a criação de vagas formais caiu 64% na passagem de julho a agosto, para 37,9 mil, menor valor em mais de três anos.
No acumulado do ano, foram criadas 1.378.803 vagas formais no país, 24,5% a menos que o registrado nos primeiros oitos meses de 2011.
A desaceleração da geração de postos de trabalho é um reflexo natural da perda de ritmo da atividade econômica, que vem apresentando desempenho fraco desde o segundo semestre do ano passado.
Ainda assim, o impacto dessa atividade mais fraca não tem sido muito intenso no mercado de trabalho, avaliam economistas. Conforme divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta manhã, a taxa de desemprego continua em queda no país e chegou a 5,3% no mês passado, menor patamar já registrado para agosto.
SETORES DA ECONOMIA
Os setores que mais puxaram a queda na geração de vagas foram construção civil e indústria. Na construção, foram criadas 11.278 vagas, 64% a menos que um ano antes.
Na indústria extrativa, a queda foi de 57% no mesmo período, para apenas 859 postos de trabalho, enquanto na indústria de transformação houve retração de 54%, para 16.438 novas contratações.
Comércio e serviços se mantém como os setores que mais geram emprego no país. Ainda assim, a criação de novos postos formais em serviços recuou 42%, para 54.323. No comércio, a queda foi de 29%, para 31.347.
REGIÕES E ESTADOS
Nos dados por região, a Sudeste foi a que mais criou vagas no mês (36.805), queda de 51% em relação à agosto do ano passado (74.895). Em seguida vem Nordeste (29.618), redução de 50% ante 2011 (59.513); Sul (20.164), diminuição de 27% na comparação anual (27.457), Centro-Oeste (7.881), baixa de 48% ante o mesmo mês do ano anterior (15.096) e Norte (6.470), 52% menos na comparação anual (13.485).
Apenas cinco Estados criaram mais vagas no mês passado em relação a 2011: Acre (458 postos de trabalho, o triplo do ano anterior), Amapá (1.016 vagas, 58% mais que em 2011), Rondônia (821 vagas, alta de 37% na comparação anual), Rio Grande do Sul (6.707 postos, 20% mais que em agosto do ano passado) e Piauí (1.083 postos, 7% mais que em 2011).
Região / Estado | ago.11 | ago.12 | variação |
---|---|---|---|
Brasil | 190.446 | 100.938 | -47% |
Norte | 13.485 | 6.470 | -52% |
Rondônia | 599 | 821 | 37% |
Acre | 153 | 458 | 199% |
Amazonas | 4.182 | 1.247 | -70% |
Roraima | 415 | 381 | -8% |
Pará | 6.663 | 2.228 | -67% |
Amapá | 644 | 1.016 | 58% |
Tocantins | 829 | 319 | -62% |
Nordeste | 59.513 | 29.618 | -50% |
Maranhão | 3.429 | 1.434 | -58% |
Piauí | 1.013 | 1.083 | 7% |
Ceará | 8.005 | 5.097 | -36% |
Rio Grande do Norte | 4.596 | 2.699 | -41% |
Paraíba | 10.271 | 7.851 | -24% |
Pernambuco | 18.613 | 9.218 | -50% |
Alagoas | 3.922 | 25 | -99% |
Sergipe | 2.521 | 1.769 | -30% |
Bahia | 7.143 | 442 | -94% |
Sudeste | 74.895 | 36.805 | -51% |
Minas Gerais | -801 | -2.787 | -248% |
Espírito Santo | 2.798 | -501 | -118% |
Rio de Janeiro | 19.865 | 9.628 | -52% |
São Paulo | 53.033 | 30.465 | -43% |
Sul | 27.457 | 20.164 | -27% |
Paraná | 14.251 | 8.091 | -43% |
Santa Catarina | 7.597 | 5.366 | -29% |
Rio Grande do Sul | 5.609 | 6.707 | 20% |
Centro-Oeste | 15.096 | 7.881 | -48% |
Mato Grosso do Sul | 2.409 | 1.209 | -50% |
Mato Grosso | 2.905 | 1.238 | -57% |
Goiás | 6.855 | 4.004 | -42% |
Distrito Federal | 2.927 | 1.430 | -51% |
METODOLOGIA
O Caged é um levantamento mensal, de abrangência nacional, realizado com base na geração de empregos formais, em regime CLT. Ele leva em consideração apenas o número de contratações e desligamentos.
Ontem, o governo anunciou os números da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), que mostra um retrato ampliado do emprego formal. Divulgada anualmente pelo governo, inclui servidores públicos, trabalhadores temporários e avulsos e ainda informações residuais das empresas, além dos dados de carteira assinada do Caged.
Hoje, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que taxa de desemprego recuou para 5,3% em agosto, ante 5,4% em julho. O dado de agosto é o menor já registrado para o mês.
Diferente do Caged em diversos pontos metodológicos, a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE considera empregada também o trabalhador informal ou que tem um emprego temporário. Além disso, o instituto avalia apenas dados de seis regiões metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre).
(MARIANA SCHREIBER, MAÍRA TEIXEIRA E LUCAS SAMPAIO) Folha de SP