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O diretor do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, relata graves acontecimentos que ocorrem na Refinaria Landulpho Alves, desde a última sexta (13), com um grande vazamento de benzeno - agente cancerígeno - e problemas na parada de manutenção da U-30/31.
Segundo ele, na sexta (13), por volta das duas da madrugada, foi identificado diversos pontos de querosene contaminado com benzeno no piso, próximo ao limite de bateria e F-3030 (tanque subterrâneo de drenagem da unidade). Na inspeção feita pela Segurança Industrial por volta das 17h, foram encontradas diversas concentrações, sendo a mais alta de 5,50 ppm a 6 metros do local.
O tolerável é zero. Após essas avaliações, a SI recomendou a paralisação imediata da drenagem de querosene devido a constatação de vazamento em linha subterrânea da U-30; isolamento do local; evacuação da área; proteção respiratória constante para as pessoas no local e avaliações ambientais periódicas da área atingida pelos vapores do produto. Por volta das duas da manhã de sábado (14), essa linha subterrânea de drenagem dos principais equipamentos da unidade para o F-3030 rompeu, gerando um vazamento ainda maior do produto com contaminação do solo e subsolo. Apesar do aumento do vazamento e, conseqüentemente, da exposição de trabalhadores a esse agente cancerígeno, a gerência da RLAM só autorizou a parada da drenagem de produtos da unidade depois do almoço.
Apesar de ter autorizado a parada momentânea e atraso da drenagem, no turno da tarde permitiram a execução de um serviço de escavação no local para identificar os pontos de vazamento dessa linha. Escavação essa que estava sendo realizada por quatro trabalhadores da Tecnosonda com o apoio de mais dois da Isorel e SC Transportes, alguns sem qualquer tipo de proteção respiratória e com os outros EPIs inadequados, como botas de couro e roupas de tecido.
No local, segundo Deyvid, ocorre um crime que coloca em risco a vida de pessoas e danos ao meio ambiente. Outra gravidade: essa linha que se rompeu agora já tinha solicitação de troca feita pela Inspeção de Equipamentos e projeto desenvolvido pela Engenharia desde 2005 e, mesmo com a parada de manutenção de 2008 e essa de 2012, nada foi executado. Às 3h15h, recomeçaram os problemas mais críticos, pois a drenagem do circuito de N-HEXANO foi iniciada e toda unidade foi atingida com o benzeno, agente químico cancerígeno que tem feito vítimas na Petrobrás:
Corredor de bombas / 2,9 ppm; Próximo a J3024 / 1,8 ppm; Próximo a E-3009 / 1,9 ppm; Próximo a J3006B / 1,9 ppm; Na área de convivência, próximo aos containeres, bebedouro e etc: 0,25 ppm (locais ao Leste da unidade e bem longe do local de escavação); No local de isolamento / 5,75 ppm;
No entorno da área isolada / entre 4,0 e 4,8 ppm; Após essa constatação, a Segurança Iindusrial retirou todos os trabalhadores terceirizados da área (sem nenhum tipo de proteção e noções sobre os riscos do benzeno, que deveriam ser oferecidos pelas empresas), bem como operadores, que estavam descumprindo as recomendações dos TS da RLAM. Por volta das 5h20, os operadores estavam interrompendo novamente a drenagem, mais uma vez sem proteção alguma.
Toda essa gravidade com benzeno na atmosfera, na parada de manutenção da U-30/31, contraria o Acordo Nacional do Benzeno e deveria ter sido comunicada à CIPA e GTB; todas as pessoas expostas ao vazamento deveriam ter o controle biológico de exposição ao benzeno com acompanhamento clínico e laboratorial da Saúde Ocupacional, mas pelo menos metade dos expostos não teve esse tratamento e a CIPA e GTB mais uma vez foram ignorados.
A direção do Sindipetro Bahia denuncia mais esse descaso na Rlam e afirma que não se pode aceitar que vidas humanas continuem sendo expostas irresponsavelmente a ambientes de trabalho altamente insalubres como esse. Como o descaso com a saúde e vidas humanas continua acintosamente durante a madrugada de domingo (15), o Sindipetro Bahia encaminha novas denúncias à SRTE, CESAT e Comissão Nacional Permanente de BenzenoCNPBz.