Por que tal afirmativa assim com tanta certeza? Porque o sistema cooperativista tem uma organização mais consistente do que o associativismo puro e simples das comunidades, atua de forma mais sistêmica e profissional junto aos seus associados, e tem todo um arcabouço institucional, com linhas de financiamento e crédito definidos, o que ajuda e muito num momento como o que vive a Bahia.
Vejam só a Cooperativa Mineral da Bahia (CMB) que atua no município de Pindobaçu, na Serra da Carnaíba, fez valer a sua força como ente institucional organizado para pressionar deputados e o Departamento de Produção Mineral visando reabrir a mina aos garimpeiros cooperados de esmeralda, atendendo normas de segurança acordados em TAC do MP, uma das poucas alternativas de sobrevivência na atualidade do local.
Ora, essa pressão só está sendo possível porque há uma organização cooperativista por detrás, e que sabe como agir e tem estrutura organizacional para isso.
A agricultura familiar na Bahia está sofrendo muito com a seca prolongada de forma mais perversa porque muitas comunidades atuam de maneira isoladas, sem uma estrutura cooperativista, muitas vezes agindo por impulsos da sobrevivência e amparados em lideranças comunitárias e vereadores, mas, sem a força de uma cooperativa.
Assim, me parece, que os agricultores familiares do município de Uauá, onde o sistema está disseminado, enfrentam as intempéries da seca de forma mais amena, se é que podemos dizer assim, do que o município de Retirolândia, na região do Sisal, onde o sistema é incipiente.
Estamos no ano do cooperativismo. Pouco também se fala sobre isso na Bahia apesar de ter sido criada uma lei no governo Wagner para incentivar as ações cooperativistas no estado, mas, elas ainda são muito tímidas e o governo deveria acionar seus mecanismos estruturais para ampliar esse campo de ação, associando-se ao SEBRAE, e criando núcleos cooperativados em vários municípios.
O cooperativismo tem esse sentido de agregar, de ser um sistema coletivo, onde várias andorinhas fazem o verão, e não apenas uma andorinha. A seca mostra como diante dessa dispersão, numa atuação mais isolada das comunidades, seus efeitos são ainda maiores. Daí que, incentivar o cooperativismo na Bahia é uma alternativa muito interessante e que o governo deve olhar com maior atenção.