Fazer de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) baianas agentes ativos no mercado internacional. Este foi o foco das discussões levantadas durante o Seminário Internacionalização: o Caminho para o Aumento da Competitividade Empresarial, realizado na última quarta-feira (28), no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB).
O evento promovido pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da FIEB trouxe informações e orientação sobre a situação atual do cenário internacional e as possibilidades de negócio e contou com a participação dos secretários estaduais de planejamento, José Sérgio Gabrielli, de assuntos internacionais, Fernando Schmidt e da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, representantes do Sebrae Bahia e de outros departamentos regionais, Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comécio Exterior (MDIC), além instituições de fomento e organizações ligadas ao Comércio Exterior.
De acordo com o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, Reinaldo Sampaio, em 2007, das 563 empresas baianas que realizaram comércio exterior, a maioria era de pequeno porte. Esta soma, no entanto, começou a cair paulatinamente nos últimos anos. A curva decrescente começou a ser traçada junto com a implantação da política de valorização do Real, um dos fatores nacionais que vem contribuindo negativamente contra o alcance dos mercados externos. "A inserção empresarial em outros países está diretamente relacionada à competitividade e é preciso haver ações no plano governamental, mas também no âmbito empresarial, e a FIEB vem apostando no apoio institucional em todo o estado para melhorar as condições dos empresários que querem exportar", afirmou.
O secretário de assuntos internacionais, Fernando Schmidt, afirmou que, nesta etapa mais recente da globalização, é forte a demanda por apoio dos agentes públicos e privados para que as empresas de todos os portes possam atuar num sistema de ganha-ganha, atendendo exigências atuais de complementariedade. Neste sentido, o secretário de planejamento, José Sérgio Gabrielli, defendeu que sejam feitas ações voltadas para as cadeias dos nichos de produção local. "Temos que pensar, por exemplo, no nicho da geleia de umbu. Se ela estiver completa, bem estruturada, terá condições de competir no mercado interno e, consequentemente, exportar", explicou.
O que fazer - O investimento num padrão internacional de bens e serviços para as empresas locais também foi pontuado pela consultora de gestão em negócios da FGV, Mônica Romero, como uma das principais ações pela competitividade nos mercados interno e global. "Primeiro, é preciso que os empresários busquem essa qualidade, depois as informações necessários sobre os mercados com os quais pretendem fazer negócios e, em seguida, traçar estratégias para a internacionalização", apontou.
PARTICIPAÇÃO DA BAHIA
NAS EXPORTAÇÕES
A Bahia teve participação de 58,5% nas exportações nordestinas entre 2010 e 2011, mas, para o diretor técnico do Sebrae Bahia, Lauro Ramos, o fortalecimento do associativismo entre as empresas da região pode trazer melhores resultados. E uma boa oportunidade para esta aproximação será o Encontro Internacional de Negócios do Nordeste (EINNE), que será realizado entre 23 e 25 de outubro em Salvador. "Na ocasião, as empresas poderão passar por uma avaliação mercadológica, fazer contato com fornecedores internacionais de insumos e matéria-prima, além de fechar negócios", afirmou Ramos. Informações estão disponíveis no site http://www.einne.com.br/.
Uma oportunidade para as empresas que pretendem exportar para a África será a Feira Internacional de Luanda, Angola, de 17 a 22 de julho. De acordo com a gestora do projeto Brasil Trade da Apex-Brasil, Raquel Vilharva, o evento é o mais importante da área de negócios do continente africano. "É um acontecimento, que reúne empresários, agentes públicos, famílias, mas antes é preciso obter informações sobre a viagem, já que Angola carece de bons serviços de transporte, hospedagem e logística", alertou. Informações podem ser obtidas através do e-mail [email protected].
Fatores da competitividade - O diretor de logística da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), Jovelino Pires, apresentou dados sobre a situação dos meios de transporte de cargas, apontando a concentração do Brasil em rodovias (58%) e apontou a necessidade de maiores investimentos no setor. "O governo precisa ampliar os recursos e melhor direcioná-los para a melhoria da malha de escoamento da produção nacional. Por outro lado, os empresários também precisam cobrar uma melhor utilização dos tributos pagos", colocou.
Com experiência de mais de 20 anos em comércio exterior, o diretor-presidente da José Ruben Transporte e Equipamentos Ltda., José Souza Filho, falou sobre os principais cuidados que os empresários iniciantes em negócios fora do país devem ter: Planejar a logística, calcular custos, deixar margem para imprevistos (como paralisações e acidentes), fazer um embarque com uma carga menor para teste e estabelecer responsabilidades da logística em contrato. "É preciso especificar até onde o produto será transportado, pois o importador pode entender que a carga chegará até o seu estabelecimento, o que pode gerar problemas", lembrou.
O presidente da Agência de Fomento do Estado da Bahia S.A (Desenbahia), Luiz Petitinga, reconheceu que muitos empresários ainda se queixam da dificuldade de acesso ao crédito, porém explicou que o mercado já oferece inovações nesta área: são os Fundos de Aval (fundos de garantia) e as Sociedades de Garantia, instituições formadas por cotistas, à exemplo da AGC Serra, do Rio Grande do Sul. De acordo com Petitinga, "essas modalidades facilitam o acesso aos recursos e podem minimizar custos".
Já a gerente de estratégias e negócios internacionais do BNDES, Simone Lopes, lembrou que o Banco também oferece alternativas para facilitar a obtenção de crédito por micro, pequenas e médias empresas, além de empreendedores individuais e cooperativas. Um deles é o Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), que permite que as instituições aprovem o financiamento em melhores condições. A outra é o Cartão BNDES, que funciona como um cartão de crédito para compra de produtos e serviços.