A Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), prestará Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) a mais de 2,6 mil quilombolas, pertencentes a 26 comunidades de Campo Formoso. O programa, executado através de chamada pública, é um dos vetores do Plano Brasil Sem Miséria, cujo objetivo é erradicar a pobreza rural extrema.
Intitulado “Ater, rumo à sustentabilidade de comunidades quilombolas no território de identidade do Piemonte Norte do Itapicuru”, o projeto vai contratar 47 técnicos para a formação de equipes multidisciplinares, que atuarão de forma participativa com as famílias em situação de vulnerabilidade.
Segundo o coordenador da EBDA de Ater para quilombolas, Samuel Conceição Leite, o quilombo é a reafirmação da luta pela sobrevivência, construindo uma realidade que garanta a igualdade, o convívio com a coletividade, a ancestralidade e uma história de quase 500 anos de escravidão.
Para ele, “a concretização deste trabalho é, sem sombra de dúvidas, muito oportuna, tendo em vista que a EBDA vinha se defrontando com dificuldades na viabilização de um projeto de assistência técnica consistente para agricultores familiares quilombolas. Esta chamada pública, quando consolidada, trará imensos benefícios e reparação diante dos reflexos promovidos pela escravidão negra no Brasil”.
Na visão da EBDA os habitantes do meio rural não mais se restringem apenas ao papel de agricultor, pois são também consumidores, trabalhadores e cidadãos, ou seja, possuem múltiplas identidades.
De acordo com o presidente da EBDA, Elionaldo de Faro Teles, os remanescentes de quilombo são fruto de uma história de luta do povo negro e devem ser reconhecidos e respeitados. “A dedicação do corpo técnico da empresa para com esta chamada pública é motivo de grande orgulho. Vamos atuar por meio de ações que visam alterar, positivamente, as condições de vida e de organização deste público”, afirmou.
Os beneficiários receberão serviços como diagnóstico da Unidade de Produção Familiar (UPF), oficina para levantamento de dados e identificação da situação atual das comunidades, visitas às UPF para elaboração de projetos de estruturação produtiva, social, familiar e coletiva, implementação dos projetos através de oficinas, visitas técnicas, dias-de-campo, e, por fim, avaliação dos resultados.
Atividades de recreação para as crianças entre 0 e 10 anos também estão inclusas, com desafios cognitivos e motores, acesso à água de boa qualidade e à alimentação saudável, baseada em produtos de origem agroecológica, preferencialmente frutas e legumes da região, valorizando a culinária local e adequada à faixa etária.
Além da chamada pública para quilombolas, a EBDA venceu a concorrência de outras 20 outros projetos semelhantes nos últimos dois anos, beneficiando mais de 18 mil agricultores familiares. Esse formato é a nova forma estabelecida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para financiar os serviços de Ater nos estados. Entidades e instituições interessadas concorrem, através de projetos, com critérios exclusivamente técnicos.