Economia

COOPERATIVISMO AVANÇA NO SEGMENTO AGRICULTURA FAMILIAR, p OHARA GRECE

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| 20/12/2011 às 09:28
Maildes Rocha, Rosana Lima e Mayclea Oliveira Santos que atuam na Cooperlic
Foto: BJÁ
    A Bahia não tem um movimento cooperativista denso e que envolve setores produtivos com grandes valores agregados como existem em Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul no campo do agronegócio.


     Podemos dizer, ainda assim, que neste ano de 2011 aconteceram alguns avanços no estado graças a incentivos do projeto de lei do Executivo aprovado pela Assembléia Legislativa, ano passado, e do emprenho da SEAGRI e do SEBRAE, e de outros órgãos e associações, no segmento da agricultura familiar.


     E isso é muito bom para a Bahia, estado que tem a maior população rural do país espalhada num imenso território, do tamanho da França, mais de 500 mil km quadrados, e com milhares de famílias que sobrevivem da agricultura familiar, muitas delas atuando isoladamente em suas comunidades, sem conseguir adicionar um valor maior aos produtos que levam às feiras livres e aos mercados dos seus municípios.


    Com esse aporte do governo do Estado, SEBRAE, agências de desenvolvimento, associações técnicas e outros pode-se perceber avanços como os verificados na última Fenagro que aconteceu em Salvador, recentemente.


    As dificuldades ainda são imensas, o grande entrave está na comercialização, sobretudo quando as associações se organizam em maior escala e fundam uma cooperativa, e aí esbarram na resistência dos agentes de comercialização das grandes cidades, os supermercados, os entrepostos comerciais, as mercearias e assim por diante, e muitas vezes têm que submeter seus produtos ao crivo de intermediários, de agentes de vendas que atuam com outros produtos industrializados e sofrem muito com isso.


    Veja o que acontece, por exemplo, com a Cooperativa dos Produtores Associados de Cana e seus Derivados da Microregião de Abaíra, a COOPAMA: ela tem produto para entregar (açúcar mascavo, rapadura, cachaça de boa qualidade, caldo de cana, etc - mas tropeça na comercialização, não consegue expandir seus negócios e tem que dividir às vendas com uma representação comercial conjunta.


    Um dos seus diretores com quem conversei na Fenagro disse-me que há uma necessidade de maior suporte técnico nessa área, mais apoio financeiro e a montagem de uma estrutura de venda exclusiva.


    Já a Cooperlic, dos Colhedores e Beneficiadores de Licuri, de Caldeirão Grande, a situação é ainda mais complexa, ainda que não retire à sua condição de interagir nas comunidades onde atua, na zona rural, em 10 povoamentos, porque tudo ainda está por fazer, na produção, na melhor organização do cooperativismo e assim por diante. Mas, também está avançando.


    Na verdade diante dos exemplos dados nota-se uma grande dificuldade por parte das cooperativas no que diz respeito à forma de comercializar seus produtos por diversos motivos. O principal é a falta de gestão e visão empreendedora na hora de enfrentar o mercado. É preciso mais investimentos, capacitação no que diz respeito à gestão de negócios, cursos e educação continuada nesse segmento. 

    O sistema de cooperativas não visa lucros é importante salientar isso senão se confundiria com empresa. Contudo os cooperativados precisam vender seus produtos a preços justos e ter um tratamento diferenciado no que diz respeito à comercialização dos produtos.


     De toda sorte, o que se pode verificar na Fenagro, num pavilhão da feira reservado só para as associações e cooperativas é que esse movimento é crescente, está disseminado em várias áreas territoriais do estado, de Uauá, no Norte; a bacia do Almada, no Sul; no Oeste, no Nordeste e em todos os quadrantes do estado, trabalhando com produtos que vão do sisal, algodão, cana de açúcar, umbu, buchas, cacau, piaçava, dendê, pupunha e muito mais.


    Bom sinal para o cooperativismo baiano que avança exatamente nas áreas onde as pessoas mais precisam na zona rural, na pobreza e nas famílias de menor renda.