A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento, divulgou, na manhã de hoje (07), os números do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2011. A taxa apurada pela Coordenação de Contas Regionais da SEI para o período, em relação ao mesmo período de 2010, foi de 2,6%. Na comparação com o segundo trimestre deste ano, o resultado foi negativo em 1,2%. A retração foi determinada, sobretudo, pelo baixo dinamismo da indústria de transformação. Com o resultado, o órgão revisou a estimativa do PIB anual para 2,5%.
Entre os setores da atividade econômica, a agropecuária apresentou expansão de 10,4%, no trimestre, os serviços cresceram 4,3%, e a indústria apresentou retração de 1,7%, taxa puxada pela queda de 7,2% na indústria de transformação. Além da queda no setor industrial, pesou negativamente para o PIB do terceiro trimestre a retração de 3,0% na arrecadação de impostos.
O agravamento da crise internacional foi o principal motivo apontado para o moderado crescimento do PIB de 2011. "A indústria baiana continua sendo o setor mais sensível à crise, assim como aconteceu na primeira turbulência econômica, em 2008", disse Geraldo Reis, diretor-geral da SEI, durante coletiva de imprensa, realizada na Desenbahia. Além disso, o diretor lembrou outros fatores, como a alta base de comparação - já que em 2010 a economia estadual cresceu a uma taxa estimada em 7,5% - e as medidas macroprudenciais adotadas pela presidente Dilma no início do ano para conter a alta da inflação.
"Temos que considerar que 2011 está sendo um ano atípico, iniciado com medidas voltadas ao controle da demanda, com alta dos juros e contenção do crédito. Essas medidas foram bastante eficazes para segurar a inflação, mas, com a leitura do cenário externo, o governo inverte a lógica, retomando a política anti-cíclica de 2008, voltando agora a estimular o crédito e o consumo, a fim de não permitir uma desaceleração tão acentuada da atividade econômica, e buscando fechar o ano com um PIB mais elevado", explicou o diretor.
Apesar de ainda não ter um número oficial para a projeção do PIB do próximo ano, a perspectiva anunciada para 2012 é de um crescimento em torno de 4,0% na Bahia. "A crise internacional deverá diminuir nossas chances de exportação. Mas, de um ponto de vista mais estrutural e menos conjuntural, é possível afirmar que há boas perspectivas para o estado. Os setores e a forma como estão sendo distribuídos os novos investimentos na Bahia podem colaborar para uma possível mudança no perfil e no padrão de desenvolvimento", afirmou. Os investimentos para a Copa do Mundo de 2014, a exemplo da Arena da Fonte Nova e do metrô da Paralela, a vinda da JAC Motors, criando sinergia e estimulando a consolidação de um polo automotivo, as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), investimentos em portos e em infraestrutura logística, a energia eólica e a mineração dinamizando o interior, sobretudo o semiárido, e a criação de universidades e institutos federais foram alguns dos exemplos citados.
AGROPECUÁRIA
A agropecuária apresentou, no 3º trimestre de 2011, expansão de 10,4%, na comparação com mesmo período do ano anterior. Com essa taxa, a expectativa é de que o setor feche 2011 com expansão de 8,5%. A expansão da atividade agrícola no estado tem sido o principal motor para o crescimento do setor agropecuário. Entre os grãos, observam-se incrementos em relação à safra anterior na produção de soja (12,9%), algodão (58,5%), mandioca (4,6%), cana-de-açúcar (31,5%) e cacau (3,6%). Por outro lado lavouras importantes da agricultura baiana tiveram desempenho negativo no ano, a exemplo do feijão (-21,7%), café (-13,7%) e milho (-5,8%). Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (IBGE), a Bahia tem safra recorde de 7,6 milhões de toneladas de grãos até setembro.
INDÚSTRIA
A indústria foi o único setor a registrar expansão negativa no 3º trimestre de 2011 (-1,7%). Analisando-se os segmentos internos da indústria, mais uma vez a construção civil contribui positivamente na taxa do setor (9,6%), acumulando no ano, crescimento de 7,6%. A expansão da construção civil pode ser visualizada também através do mercado de trabalho, onde se verifica, entre janeiro e setembro de 2011, um saldo de 9.914 postos de trabalho gerados - crescimento de 6% (BOLETIM CAGED, 2011).
No que se refere à industria extrativa mineral, houve retração de 4,7% no terceiro trimestre. Esse resultado se deve tanto à queda na produção de gás natural (-28,2%). A perspectiva é de que o segmento da extração mineral baiana feche 2011 com expansão de 2,8%.
Já a indústria de transformação teve retração de 7,6% no terceiro trimestre de 2011, acumulando no ano, retração de 6,8% e estimativa de que feche 2011 com taxa negativa superior a 5,0%. Conforme os dados da PIM-PF (pesquisa indústria mensal), analisados pela SEI, os destaques negativos do terceiro trimestre ficaram por conta das retrações em: refino de petróleo e álcool (-10,1%), metalurgia básica (-20,9%) e veículos automotores (-9,5%). Essas quedas estiveram relacionadas ás paralisações técnicas e férias coletivas. Já os segmentos de produtos químicos (1,2%), alimentos e bebidas (9,7%), minerais não-metálicos (4,2%) e celulose, papel e produtos de papel (2,0%) contribuíram de forma positiva para a expansão da produção industrial baiana. Apesar da retração da indústria de transformação no terceiro trimestre, observa-se, entre janeiro e setembro, incremento de 4,8% na geração de empregos formais do setor, com saldo positivo de 10.906 postos de trabalho (BOLETIM CAGED, 2011).
Por ter grande parte de sua produção destinada ao setor industrial, os serviços industriais de utilidade pública (SIUP) seguiram o movimento da indústria de transformação e fecharam o terceiro trimestre com retração de 1,0% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
SERVIÇOS
O principal setor da economia baiana, com 63,6% de participação, é o de serviços, que apresentou, no 3º trimestre de 2011, expansão de 4,3%, na comparação com mesmo período do ano anterior. A atividade comercial é, tradicionalmente, uma das mais importantes para o crescimento e desenvolvimento, pois além de ser o principal elo de ligação entre a produção e o consumo também é um dos setores que mais geram empregos. No terceiro trimestre de 2011, o setor de comércio registrou expansão de 6,7%, acumulando, no ano, alta de 7,7%.
A Tabela 4 apresenta os dados relativos ao volume de vendas do comércio varejista baiano, calculado pela PMC. Até o terceiro trimestre de 2011, as vendas do comércio varejista cresceram 8,7%. Observa-se que, à exceção de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, o qual registrou queda de 30,4% no ano, todos os demais segmentos da atividade comercial registraram crescimento em 2011, com destaque para segmentos de móveis e eletrodomésticos (24,3%), livros, jornais, revistas e papelaria (19,3%), tecidos, vestuário e calçados (10,1%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,2%).
No que concerne ao mercado de trabalho, a atividade comercial acumula variação positiva de 2,8% em 2011, com saldo total de 1.792 empregos gerados (CAGED, 2011).
Entre janeiro e setembro de 2011 a Bahia exportou um total de US$ 8,1 bilhões, com crescimento de 22,6% em relação ao mesmo período de 2010. As exportações baianas se concentraram basicamente nos segmentos de químicos e petroquímicos, papel e celulose, petróleo e derivados e soja e derivados os quais somados representam 63,3% de toda a pauta de exportações. Individualmente, os destaques positivos ficaram por conta da expansão nos segmentos de minerais (380,6%), metalúrgicos (63,6%), algodão e seus subprodutos (68,4%) e metais preciosos (54,0%).
Dentro do setor de serviços, além da expansão do comércio varejista, há contribuição positiva dos demais segmentos, a exemplo dos transportes que registraram expansão de 4,9% e alojamento e alimentação com expansão de 4,2%.