O presidente-executivo da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou não enxergar problemas para financiar o plano de investimentos de US$ 224,7 bilhões da companhia em face da instabilidade nos mercados financeiros e das grandes perdas por parte dos investidores.
"Essa não é uma crise de liquidez. Está sobrando dinheiro para projetos mais sólidos, rentáveis. (Para esses) se consegue recursos", disse, acrescentando que nos últimos quatro anos ficou claro que está ocorrendo uma inversão no mundo e o Brasil está no lado dos países que vão crescer, diferentemente dos EUA e da Europa, que podem ver uma estagnação.
POSIÇÃO DE MANTEGA
O Brasil pediu a seus vizinhos latinoamericanos uma resposta conjunta para enfrentar as turbulências econômicas e os capitais especulativos que há meses fortalecem o real e outras moedas da região, colocando em jogo a competitividade das exportações.
A América Latina recebe desde algum tempo cataratas de capitais financeiros, que chegam atraídos por rendimentos maiores e melhores perspectivas de crescimento econômico que no mundo desenvolvido. Mas agora, com os problemas de dívida nos Estados Unidos, especialistas creem que a tendência pode piorar.
"Temos que estar preparados para as consequências que podem haver, temos que estar unidos para criar mecanismos de resposta a esta situação", disse nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em um encontro de ministros da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em Lima, para discutir o problema de suas moedas.
O objetivo do encontro é estudar regulações conjuntas para os mercados de câmbio a nível regional, depois que vários países latino-americanos aplicaram medidas para frear o avanço das divisas locais - desde compras de divisas até impostos a investimentos - sem o resultado esperado.
Desde 2008, o real se fortaleceu 33% frente ao dólar; o peso chileno, 28%; a moeda colombiana, 21 %, o peso mexicano, 14%; e o sol peruano, cerca de 12%. Uma moeda forte dispara os custos de produção e aumenta os preços das exportações da região, uma produtora mundial de matérias-primas, de grãos a petróleo.
O Brasil foi o que lançou as medidas mais agressivas: impostos a estrangeiros que compram bônus locais, leilões de swap cambial reverso, imposto sobre operações com derivativos, compras de dólares e o plano de incentivos para a indústria, que não conseguiram evitar que o real ronde os maiores níveis dos últimos 12 anos contra o dólar.
Outras nações, como Chile, Colômbia e Peru - os países da região mais abertos ao mercado global - adotaram medidas mais ortodoxas, como comprar dólares no mercado de câmbio, em alguns casos a níveis históricos.