"Deixar de trabalhar para os outros foi a grande mudança na minha vida". Assim Carlos Deolino, 37, morador da comunidade Vale do Riachão, em Igrapiúna (BA), relata sua experiência na Cooperativa dos Produtores de Palmito do Baixo Sul da Bahia (Coopalm). Associado há cinco anos, Carlos apresenta uma trajetória de vida que é exemplo de coragem e perseverança.
Aos 18 anos, insatisfeito com o trabalho de madeireiro, se mudou da Bahia para São Paulo. Chegando à nova cidade, Carlos passou por muitas dificuldades, sem nem mesmo ter como alimentar sua família. Após seis anos, o agricultor retornou para a Bahia e deu início ao plantio de pupunha. Porém, sem assistência técnica, o lucro sobre a produção era entregue aos atravessadores. Assim, Carlos perdia a esperança de ter uma renda digna com a agricultura.
Mas, em 2006, o cenário começou a mudar quando se tornou cooperado. "Passei a receber acompanhamento de qualidade dos técnicos e a ter todo apoio necessário", lembra. Atualmente, Carlos tem dois hectares de pupunha e faz parte do Conselho Administrativo da cooperativa. "Vejo na Coopalm uma grande família", completa.
Cooperativismo e Agricultura Familiar
A história relatada ilustra a importância da agricultura familiar como uma atividade que reconhece o pequeno produtor como empresário rural, e do cooperativismo como uma organização social que preza pela colaboração coletiva, visando um bem comum. Além disso, o associado, por meio da cooperativa, tem acesso a tecnologias que contribuem para o aumento da quantidade e da qualidade da sua produção.
Para dar visibilidade a esses temas, comunidades do Baixo Sul da Bahia participaram de atividades em comemoração ao Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado em todo mundo sempre no primeiro sábado do mês de julho.
Como parte da programação, uma edição especial do programa da Coopalm foi ao ar na Rádio Litoral FM, de Ituberá (BA). Depoimentos de cooperados sobre a comemoração foram destaque do programa. "Integrado a uma cooperativa, é possível vencer os desafios diários", aponta Jânio Silva Santos, da comunidade Vale do Riachão. Já Creuza Amorim, Diretora Executiva da Cooprap, complementa que "cooperar é unir forças, pessoas e vontade de crescer".
A Coopalm, a Cooperativa dos Aquicultores de Águas Continentais (Coopecon) e a Cooperativa das Produtoras e Produtores Rurais da Área de Proteção Ambiental do Pratigi (Cooprap) desenvolveram ações em diferentes comunidades e assentamentos. Foram mobilizados moradores da Mata do Sossego e Lago Antonio Rocha, em Igrapiúna; Josinei Hipólito, Lucas Dantas e Margarida Alves, em Ituberá; Serra do Sal, em Taperoá, dentre outros. Ainda ocorreram palestras e atividades lúdicas, como dinâmicas e teatro, para debater e esclarecer a importância da agricultura familiar.
O Dia do Cooperativismo fez parte de um calendário de eventos que visa promover uma série de atividades que aproximem as comunidades do Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo Sul da Bahia (PDIS), além de levar informações sobre os principais resultados e desafios. Temas como educação, conservação do meio ambiente, trabalho e protagonismo juvenil pautaram os eventos já realizados neste ano.