Economia

CELULOSE ULTRAPASSA PETROQUÍMICA COMO PRODUTO DE EXPORTAÇÃO DA BAHIA

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| 11/05/2011 às 15:34
Exclusivo: Wilson Andrade, da Abap, garante que celulose passou a petroquímica
Foto: BJÁ
  O diretor executivo da Associação dos Produtores de Florestas Plantadas do Estado da Bahia (ABAF), Wilson Andrade, afirmou em entrevista ao BJÁ que a celulose está passando a petroquímica como principal produto de exportação da Bahia, neste primeiro trimestre de 2011 com 22.2% do total do valor exportado; enquanto a petroquímica alcançou 21.9%.

   Em 2010, no total do ano, a petroquímica ficara com 19.4% enquanto a celulose, 19.3%.

  "Essa é uma notícia importante para nosso segmento que ainda tem condições de expandir e muito no estado, hoje com 660 mil hectares de áreas plantadas, é empregador de grande mão-de-obra, usa alta tecnologia e está disseminado no agronegócio, na agroindústria e na produção individual", sustenta Andrade destacando que o setor se mantém num crescimento acima de 5% ao ano.

  Andrade teme, apenas, que a politica cambial brasileira com o dólar (valor referência na exportação) se arrastando na casa de 1.60 do real prejudique o setor, sem que o governo federal crie mecanismos como na época de Delfim Neto, de dar compensações aos exportadores.

  Além disso, comenta Andrade, os juros elevados têm atraido o capital especulativo, sobretudo dos Estados Unidos onde se opera a 1% ao ano e aqui se investe com ganhos de 10% a 11% ao ano fazendo com que, haja uma entrada enorme de dólares, sobrando esta moeda no mercado nacional.

  "Isso é como chuchu com muito dólar o preço cai", frisou. 

  ACERTAR A POLÍTICA
  DE EXPORTAÇÃO

  Entende Wilson Andrda que uma política exportadora dessa natureza não pode perdurar por muito tempo, sob pena de penalizar as exportações de celulose, como acontece, na atualidade, com a indústria de calçados, que está inclusive transferindo centros fabris do Brasil para a África.

  Isso está acontecendo também com o setor de couro e o segmento de fibras. "Veja que o sisal, que exporta 85% do que produz na Bahia, sofre muito com o câmbio com dólar baixo, além de ter forte concorrência dos sintéticos", frisou.

  No caso da celulose, a Bahia, na atualidade, tem dois pólos produtores, um deles (o mais importante) situado no Sul e Extremo-Sul do Estado com Mucuri e Teixeira de Freitas sendo os grandes núcleos; e na região Leste, entre Alagoinhas e a divisa de Sergipe, antiga área de exploração da Copener, hoje, de propriedade da Bahia Special Celulose (BSC), chinesa.

  "Essa é a antiga Bahia Pup idealizada para fornecer energia ao Pólo Petroquímico, hoje, BSC, atuando na celulose para indústrias de tintas, comésticos e outros", diz Andrade acrescentando que o setor, como um todo, gera mais ou menos 30 mil empregos diretos na Bahia nos seus 660.000 hectares plantados, o que representa 10.5% das áreas de florestas plantadas no país.

    O Brasil tem um potencial de área cultivável para floresta de 850 milhões de hecatares dos quais apenas 3 milhões foram realizados.

   A Bahia lidera no Brasil em tecnologia de plantio e setor industrial e é campeã em produtividade com 14/15 toneladas ano por hectare.Estão instalados no Estado a Fíbria, BSC, Arcelor Mittal, Grupo Júlio Simões, John Deere, Plantar, Suzano, Valmet e Veracel.

  GARGALOS

   Alguns gargalos são queixas frequentes da ABAF. Um deles é a precária situação da BR-101 na Região do Extremo Sul do Estado, a burocracia da política ambiental, e a baixa taxa de câmbio.

    Há uma demanda crescente pela celulose, como produto de exportação, como produto agregado a produção de energia para mineração, e na relação industrial madeiras/móveis.

    Sobre as ações do MST, Wilson Andrade, diz que também se trata de uma questão grave, mas, que o setor tem forte interlocução com as ONGS e dialogado bastante com todos os segmentos.

   LUTAS À VISTA

   A primeira delas, segundo Wilson Andrade, é dimunir os entraves burocráticos para que sejam lideradas as licenças ambientais. "É uma burocracia enorme, começando pela licença ambiental de estudos prévios, depois de plantio, em seguida de poda, colheita, transporte e uso industrial. Cada fase tem uma nova licença e isso atrasa tudo e prejudica a economia".

   Segundo Wilson tem projeto que espera 3/4 anos para obter as licenças e se há uma legislação específica para isso, "todos querem cumprir sem esses mecanismos burocráticos retardatórios", frisa.

  A segunda luta do setor é a logística, hoje, com a exportação via porto de Vitória, no Espírito Santo, o Procel. "Advogamos que o Porto de Ilhéus pode ser usado para esse fim, quando os grãos forem transferidos para o Porto Sul da Ferrovia Oeste/Leste" destaca comentando, ainda, que a BR-101 precisa ser melhorar no trecho entre Porto Seguro e Teixeira de Freitas.

  O terceiro ponto é a segurança diante dos frequentes furtos e roubos de madeiras e ocupações de terras. E o quarto ponto, o câmbio, um ajuste compensatório, pelo menos.