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Mais de 700 pessoas se reuniram na Fazenda Novo Horizonte, em Laje (BA), para participar da Manhã de Agronegócios realizada na Bahiamido, complexo industrial com capacidade de processar 200 toneladas por dia de raiz da mandioca para produzir amido modificado. Essa é a primeira indústria do tipo no Nordeste.
Durante o evento, foram assinados convênios com alguns parceiros, como Embrapa Mandioca e Fruticultura, que foi representada pelo Chefe Geral Domingo Haroldo Reinhardt, visando fornecer tecnologia para o desenvolvimento das atividades agrícolas; e com a Prefeitura de Laje, com a presença do Prefeito Luiz Hamilton, que está para sancionar a lei de redução da alíquota municipal de Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). Também foi formalizada uma nova parceria com três fazendas, totalizando mais de mil hectares, com o proprietário Pedro Antônio da Rocha Melo. "Com a fábrica, existe um diferencial de preço que compensa ceder a terra para a produção da mandioca. Além disso, contribuimos para que a cadeia se organize de modo justo, onde todos ganham", ressalta Pedro Antônio.
Logo depois, realizou-se a Tarde de Campo, em que vários estandes foram montados na área experimental da Fazenda e grupos de pessoas, entre estudantes e produtores, se reuniram para aprender mais sobre a mandiocultura. "Agora já sei que não é o tamanho da mandioca que representa seu potencial. Muitas vezes, a menor rende mais", afirma o aluno Marlon Batista, 19 anos, do Centro Territorial de Educação Profissional do Recôncavo.
Comércio Justo
A fábrica representa o setor secundário na Aliança Cooperativa do Amido, que engloba ainda a Cooperativa dos Produtores de Amido de Mandioca do Estado da Bahia (Coopamido), - o setor primário -, e parceiros e clientes - o setor terciário.
A proposta da Aliança do Amido se dá por meio do incentivo do empréstimo de terras por fazendeiros para os agricultores da região. Estes, por sua vez, utilizam-na para a plantação de mandioca e entregam as raízes para a Cooperativa. Por meio da unidade de beneficiamento, a Bahiamido, gera-se o amido modificado. Devolve-se este produto, agora com valor agregado, para o agricultor, que comercializa diretamente com o consumidor.
Nesse ciclo, o cooperado tem receita de 90% a 95% em cima da produção e o fazendeiro fica com 5% a 10%. O projeto, que é apoiado pela Fundação Odebrecht, busca a prática do comércio justo e equitativo. "Agora, o homem do campo trabalhará de maneira formal e isso trará mudanças significativas para a economia da região", ressalta Eduardo Salles, Secretário de Agricultura do Estado da Bahia, presente no evento. Vale ressaltar que o modelo da Aliança Cooperativa vem sendo aplicado nas instituições ligadas ao Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Mosaico de APAs do Baixo Sul da Bahia (PDIS), instituído pela Fundação Odebrecht.
Os primeiros meses de funcionamento da Bahiamido serão dedicados para ajustes técnicos e experimentações, e em outubro deste ano, a fábrica vai começar a processar a mandioca dos produtores. "O projeto é o primeiro passo para tornar, no futuro, a economia baiana independente da ‘importação' de amido de outras regiões do país", pontua Anselmo Selhorst, líder da Aliança.
Produtividade
A Coopamido conta, atualmente, com 130 integrantes. Dentre eles, Railton Andrade, 22 anos, que sinaliza o crescimento da produtividade e, consequentemente, da renda pessoal. "Antes trabalhava nas poucas terras existentes como meeiro e ganhava muito pouco. Era difícil conseguir a feira do final de semana. Hoje temos a vantagem de trabalhar para nós mesmos e garantir boa produção e aumento do lucro", ressalta. A meta do projeto é oferecer aos participantes a renda mensal de R$1.200 a R$1.500.
Para Jairo Santos, presidente da Coopamido, "o trabalho em conjunto vai permitir que os resultados sejam alcançados e quem vai ganhar com isso são os moradores da região". (Fundação Odebrecht)