Economia

COOPALM DO BAIXO SUL SERVE DE EXEMPLO AO COOPERATIVISMO, p OHARA GRECE

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| 21/04/2011 às 10:00
Fábrica de Chocolates Finos de Ibicaraí passar por reestruturação na base
Foto: ASCOM
   Três movimentos no segmento cooperativista sinalizaram aspectos dessa cultura que ensejam nosso comentário.

   O primeiro deles diz respeito a inusitada proposta do líder do PT na Câmara, deputado Paulo Texeira, para que as usuários da maconha se agrupem em cooperativas e se dedicam ao cultivo e comercialização da erva.

   O segundo tema foi o anúncio da Coopalm, do Baixo Sul da Bahia, que fará sua primeira exportação de palmitos industrializados para Angola, África, em junho próximo.
   E, o terceiro, as dificuldades enfrentadas pela fábrica de chocolates finos de Ibicaraí que é abastecida por cooperativas de cacau vinculadas à agricultura familiar.


   Embora os temas pareçam distintos um dos outros têm relações próximas, pois, para nós, o que importa defender neste espaço é a cultura do cooperativismo e sua importância para a sociedade.

   Daí que é, no mínimo estranha e absurda a proposta do deputado Paulo Teixeira, uma vez que o sistema cooperativista não é marginal, não se serve para atender demandas de escape das comunidades, de tentar resolver um problema que é imenso com um passe de mágica.


   A maconha é uma droga proibida no Brasil. Recentemente, aqui na Bahia, uma operação da PF destruiu 30 mil pés de maconha plantados numa área do Litoral Norte e são freqüentes as ações no Vale do São Francisco. Essa proposta do deputado Teixeira não tem o menor cabimento e não se insere nos objetivos e anseios do cooperativismo, que atua em diferentes áreas legais, abre novas fronteiras a cada dia, e não necessita da maconha para tal fim.


   O anúncio da Coopalm (Cooperativa de Produtores de Palmito do Baixo Sul da Bahia), este sim, tem uma relevância extraordinária para o Estado, pois, como são poucas as nossas tradições nesse ramo, representa um avanço na organização cooperativista, isso graças ao suporte que tem da Fundação Odebrecht.

   Trata-se de uma das mais bem sucedidas experiências nessa área. Desde sua fundação, em 2004, a cooperativa que abriga 200 famílias de pequenos produtores rurais, só cresce. A estimativa é fechar 2011 com faturamento de R$17.6 milhões.


   Há, portanto, uma diferença neste projeto da Coopalm e o que envolve cooperativas de pequenos produtores rurais do cacau, as quais deveriam estar abastecendo a plena carga a Fábrica de Chocolates finos implantada pelo governo do Estado, ano passado, através da Secretaria de Desenvolvimento Regional, em Ibicaraí, isto porque, a unidade fabril foi inaugurada sem que a logística e o suporte técnico entre os fornecedores e o produtor estivessem equacionados.

  Resultado: a fábrica patina, produz menos do que o esperado e, agora, se socorre no SEBRAE para tentar resolver essa questão.


   Ainda bem que acordaram a tempo e o SEBRAE, que tem gente qualificada para isso, pode dar uma boa contribuição com estimativas já programadas para ações em seis meses.

  Isso revela que, um projeto dessa natureza, até pequeno com aporte de investimentos da ordem de R$1milhão e 500 mil e previsão para produzir 450 toneladas/ano de massa ou líquor de cacau, com retorno estimado em R$18 milhões, foi mal conduzido em sua base e está em reparação.


  Na Coopalm toda a cadeia produtiva foi pensada e organizada; e na Fábrica de Chocolates Finos isso não aconteceu. Fica, portanto, a lição. O cooperativismo, mesmo o mais modesto e que envolve comunidades, exige toda atenção e cuidados especiais. Sem isso, como qualquer empreendimento, tende a fracassar. Agora, cooperativas de maconha, nem pensar.