Esse capital de giro vai permitir que a Amigos do Planeta, Canore, Cooperes, Camapet (Camaçari) e Recicoop possam comprar os resíduos de catadores avulsos credenciados pelas cooperativas, enfrentando com mais competitividade as empresas e os atravessadores que atuam durante o reinado de Momo e não são poucos.
O Carnaval de Salvador produz uma quantidade imensa de toneladas de resíduos sólidos durante os quase oito dias de festejos e o pool de cooperativas, que recebe o financiamento em 1º de março, deverá montar suas bases de recolhimento com capital em mãos, permitindo o pagamento imediato aos catadores (estima-se em 3.000 no total durante o Carnaval) e armazenando os produtos para venda futura com preços melhores.
As cooperativas anunciam também que vão fornecer equipamentos (fardamento, luvas e bonés) e refeições para seus associados e catadores o que representa, assim como acontece com os cordeiros, uma medida de proteção a essas pessoas vinculadas ao segmento da baixa renda.
Desde o ano passado tenho dito aqui neste espaço que as cooperativas baianas ainda poucas e algumas mal estruturadas, usufruem pouco do Carnaval de Salvador, um evento grandioso e que move milhões de reais em sua organização durante praticamente todo o ano, no momento do evento e logo depois dele.
E as cooperativas, salvo as de reciclagem e de transporte que já operam no aeroporto e na cidade pouco se beneficiam dessa festa na produção de instrumentos, calçados, vestes, adereços e tudo mais.
Estima-se que, somente os integrantes do Afoxé Filhos de Gandhy consomem algo em torno de 50 mil colares ou mais, produtos que poderiam ser produzidos por uma cooperativa.
Na Bahia, infelizmente, se associa muito cooperativismo com essa área da reciclagem, de catadores de papéis e materiais produzidos com resíduos sólidos do lixo. É claro que essas cooperativas são importantíssimas porque atuam na camada mais pobre da população e têm valores inestimáveis na inclusão social, mas, existem muitos outros segmentos que podem ser cooperativados (não só no Carnaval) e que a Bahia ainda não difundiu essa cultura de forma mais intensa para obter esses ganhos.
Exemplo notável é da Organização Odrebecht, no Baixo Sul, atuando em sistema cooperativado na educação, na agricultura, na produção de alimentos. E também do Sebrae que faz um esforço enorme para difundir essa cultura no estado.
O Carnaval, portanto, poderia trazer mais ganhos ao sistema cooperativista e o governo faz sua parte, com o Desenbahia, ajudando a turma que mais precisa.