As atividades nas empresas do Polo Petroquímico de Camaçari (Região Metropolitana de Salvador), em especial as que operam no segmento químico/petroquímico, só estarão normalizadas dentro de cinco dias, em consequência do apagão que atingiu oito Estados da região Nordeste, na noite da última quinta-feira (3) e interrompeu o fornecimento de energia elétrica a 87,5% dos consumidores da Bahia.
O presidente do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), associação privada que representa empresas do Polo, Manoel Carnaúba, disse que os prejuízos ainda estão sendo levantados, mas observou que, além do golpe sofrido pelas empresas, haverá danos significativos para a economia baiana como um todo.
"Ainda é precoce falar em números, mas é preciso lembrar que o Pólo de Camaçari representa 33% do PIB (Produto Interno Bruto) da Bahia e um dia parado representa um perda significativa", ressaltou o presidente do Cofic. Em fevereiro de 2010, o Nordeste também passou por um apagão. Na época, a Chesf afirmou que a interrupção no fornecimento de energia teria ocorrido devido a um problema nas linhas de transmissão que interligam as regiões Sudeste e Norte.
IMBASSAHY PROTESTA
O deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB) disse nessa sexta-feira (4) que entrará com uma série de ações cobrando providências e explicações do governo federal pelo apagão que atingiu os estados da Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Sergipe, Piauí e Rio Grande do Norte. Serão pedidas providências ao Ministério Público Federal (MPF), Tribunal de Contas da União (TCU) e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
"O governo está reagindo de maneira desrespeitosa, com descaso perante a população do Nordeste. Queremos saber o que está acontecendo. A presidente Dilma está falhando com o Brasil e, especialmente, com aquela região", frisou Imbassahy.
O tucano anunciou que entrará com requerimento de informações ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, exigindo esclarecimentos sobre o apagão. No documento, Imbassahy questiona as razões de o ministro ter marcado somente para a próxima segunda-feira, 07, uma reunião para tratar do assunto, de tamanha gravidade.
Além disso, pedirá a criação de uma subcomissão na Comissão de Minas e Energia para acompanhamento das consequências do ocorrido e das providências que serão tomadas pelo governo para que episódios similares não aconteçam mais. Imbassahy quer, também, a criação de uma comissão externa para verificação in loco dos problemas ocorridos principalmente em Recife, Maceió e no Pólo Industrial de Camaçari.
Em Recife tivemos arrastões, distúrbios no sistema penitenciário e o principal hospital ficou inoperante, explicou Imbassahy. O parlamentar lembrou as conseqüências do apagão no Pólo Petroquímico, com a paralisação de indústrias. Muitas delas só voltarão a operar daqui a cinco dias, ressaltou o tucano.
Ressarcimento dos prejuízos
Imbassahy pretende convidar as bancadas do Democratas e do PPS para também assinarem com o PSDB, três representações. Ao MPF será solicitada investigação dos problemas que geraram o apagão e o acompanhamento do ressarcimento aos que tiveram prejuízos. Já ao TCU e à Aneel, serão pedidas auditorias para que sejam feitas investigações das causas da falta de energia nos oito estados.
"Um governo responsável e sério deve explicações. Tentar minimizar, como fez o ministro Edison Lobão, é extremamente repudiado pela população. O que está acontecendo é um descaso, frisou. O setor elétrico nacional virou um loteamento. Considero um absurdo que o governo gaste tempo com demandas políticas e esqueça da população. Precisamos preservar o setor para bem servir a população", concluiu o deputado.
PINHEIRO PROTESTA
O senador Walter Pinheiro (PT) contestou a informação do diretor de operações da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Mozart Bandeira Arnaud, de que o apagão que atingiu estados do Nordeste tenha sido causado por falha no circuito eletrônico de uma subestação em Pernambuco. "Contesto e lamento a explicação de que uma falha num equipamento tenha produzido todo o apagão. Ora, um técnico do porte de Mozart sabe que falhas, defeitos e até acidentes vão ocorrer sempre", disse o senador, para quem a pior falha está na ausência de planos de contingência e sistemas alternativos para continuidade de serviços.
Esta foi a causa do apagão, pois, além da queda em uma usina, como efeito dominó, houve quedas em outras unidades, quando deveria ocorrer o contrário. O sistema atingido deveria ter sido isolado e sua ‘base' de cobertura deslocada para atendimento e manutenção dos serviços por outras usinas. Era melhor assumir esta falha, para corrigir, do que colocar a culpa em uma ‘peça' que todos sabem que um dia vai falhar", criticou.
DILMA MUDA
A presidente Dilma Rousseff decidiu nomear José da Costa Carvalho Neto para a presidência da Eletrobras. A confirmação deve sair ainda nesta sexta-feira. Carvalho foi presidente-interino da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais). Outras nomeações para cargos estratégicos do setor elétrico podem sair ainda nesta tarde. As mudanças em curso já estavam previstas, mas foram aceleradas por conta do blecaute que atingiu diversos Estados do Nordeste nesta madrugada.
Para a Eletronorte, deve assumir José Antônio Muniz, que deixa o comando da Eletrobras. Ele é ligado ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O diretor-geral brasileiro da Binacional Itaipu, Jorge Samek, será mantido no cargo. Também pode haver mudanças no comando da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), companhia que cuida do abastecimento de energia no Nordeste. A indicação para o cargo ficará nas mãos do PSB. O PMDB também quer o cargo para o ex-ministro da Integração Geddel Vieira Lima. (Folha e Radar on-line/ Veja