Economia

INFLAÇÃO SOBE PARA 0.75% EM OUTUBRO E ACUMULADO DO ANO CHEGA A 4.38%

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| 09/11/2010 às 11:06

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou para 0,75% em outubro, ante 0,45% em setembro. Com esse resultado, a inflação acumulada no ano em dez meses é de 4,38%, superando o resultado de 4,31% registrado no ano passado em 12 meses.


Essa é a maior variação para o mês de outubro desde 2005, quando também se registrou a mesma taxa (0,75%), e a maior taxa desde fevereiro deste ano (0,78%). Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Em doze meses, o IPCA registra variação de 5,20%, ante alta de 4,70% nos doze meses imediatamente anteriores.


Segundo os analistas que acompanham o desempenho dos preços no Brasil, a inflação oficial veio bem acima do teto das projeções que indicavam uma alta de 0,70% no IPCA para outubro e joga pressão sobre o Banco Central que adotou um discurso de que a taxa de inflação estaria convergindo para o centro da meta de 4,5% em 2010, após as sucessivas elevações na taxa Selic a partir do segundo trimestre.


"Haverá uma maior pressão nos preços logo no início do ano em virtude da elevação das mensalidades escolares acima da inflação, da alta da tarifa de ônibus na cidade de São Paulo, entre outros itens. Se o governo não planeja subir taxa de juros pela questão do câmbio, estamos perdendo um instrumento para controlar a evolução dos preços e da inflação", afirma o economista André Perfeito, da Gradual Investimentos.

Na avaliação dos analistas, a situação só não foi pior devido ao fraco desempenho das economias dos países desenvolvidos que estão lutando para gerar mais consumo e elevar suas taxa de inflação para tentar estimular a economia.


O grupo de produtos alimentícios registrou avanço de 1,89% para outubro, ante variação de 1,08% em setembro, e contribuiu para 0,43 ponto percentual (57%) do IPCA. Essa á maior alta mensal para o grupo desde junho de 2008, quando foi registrada taxa de 2,11%.


Com o real valorizado, o Brasil está na verdade importando deflação dos países desenvolvidos, principalmente no setor de bens duráveis, segundo o economista Fábio Romão, da consultoria LCA. " A alta da inflação está muito relacionada com a aceleração nos preços dos alimentos. Mas isto está relacionado diretamente com um choque de oferta e adversidades climáticas. Esse ciclo de pressão deve começar a ceder já no mês de novembro", diz Romão. O analista projeta para uma alta de 0,60% para o IPCA de novembro, com um recuo nos preços dos alimentos.


Em outubro, as principais influências para o resultado vieram dos preços do feijão carioca (31,42%) e das carnes (3,48%). Esse último item deu a maior contribuição individual (0,08 ponto porcentual) para o IPCA de outubro.


Os produtos não alimentícios registraram alta de 0,41% em outubro, ante 0,27% no mês anterior. A maior pressão para o avanço do grupo veio dos preços de combustíveis, que verificou alta de 1,56%, contribuindo com 0,07 ponto porcentual na taxa mensal do IPCA. O litro do etanol foi reajustado em 7,41%, e o preço da gasolina subiu 1,13% no mês.


O cálculo da inflação pelo IPCA refere-se às famílias com rendimento mensal de 1 a 40 salários mínimos e abrange nove regiões metropolitanas do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém, Goiânia e  Distrito Federal).