Economia

SEM FUNAI, PEQUENOS PRODUTORES CACAU SE SENTEM ALIVIADOS EM OLIVENÇA

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| 19/09/2010 às 12:30
José Brás se sente mais tranquilo
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A liminar concedida pela Justiça de Brasília à ação de autoria do Prof. Ed Brasil, suspendendo a demarcação de terras indígenas pela FUNAI, deixou os donos de roça do entorno de Olivença aliviados. "Tinha medo de perder meu cantinho, não quero sair daqui. Mal dormia imaginando que podia ser acordado por pessoas estranhas dizendo que tenho que sair. Isso aqui foi conquistado com muito trabalho e é tudo que posso deixar para minhas bisnetas", desabafou José Brás de Oliveira (de óculos na foto), 80 anos, um produtor rural entre os muitos beneficiados com o mandado de segurança expedido pelo Tribunal Regional Federal.

"Agora vou poder dormir em paz, sem correr o risco de acordar e ver minha terrinha invadida", concluiu o pequeno agricultor ao lado de sua esposa, ambos vivendo da terra há décadas.

Entre Ilhéus, Una e Buerarema, são 22.000 pessoas do campo que vão poder, agora sim, ter certeza de que seus direitos serão respeitados. Segundo Edgard Siqueira, produtor de piaçava e proprietário de terras na área demarcada pela FUNAI, "não seria justo tirar os sonhos desses milhares de pessoas. Essa vitória do nosso companheiro Ed Brasil foi conquistada com suor de professor e merece ser comemorada por todos". Afirma ainda que a sociedade está aliviada com a paralisação dessa demarcação nas três cidades. Caso o processo seguisse da FUNAI para o Ministério da Justiça e daí para a homologação presidencial, o impacto na economia seria brutal: "Esse pessoal todo da agricultura familiar deixaria de produzir alimentos para fazer o que, viver do que?", questiona Edgard.

O sentimento geral na área é de alívio depois da notícia do impedimento legal para a continuidade do processo. O próprio Prof. Ed Brasil, autor da ação, esteve entre seus pares explicando como foi que conseguiu barrar a demarcação e, conseqüentemente, acabar com o pretexto dos oportunistas para invadir as terras dessa gente simples, que acorda de madrugada para levar o fruto de seu trabalho abastecendo cidades como Ilhéus e Itabuna: "Agora o que eu fiz parece bastante simples e óbvio", citando o direito mais elementar que todo cidadão tem, que é o direito de defesa. "Mas para chegar a essa vitória, que é de toda essa comunidade que vive da roça, foram muitas idas e vindas a Brasília, numa peregrinação que parecia sem fim", declarou o Prof. Ed Brasil, que também é proprietário de terra na área de conflito.

Agora com tempo para apresentar sua defesa no e depois aguardar a manifestação da FUNAI no processo, os agricultores podem trabalhar mais tranqüilos. Mas, segundo o Prof. Ed Brasil, não podem relaxar de maneira alguma: "Tem gente que continua de olho em nossas terras. Por isso temos que estar sempre atentos e preparar outras ações, garantindo nossos direitos e conquistando novas vitórias", concluiu.